Uma história de 180 anos! Podemos afirmar que fizemos um longo caminho e que a Obra ainda desperta interesse e simpatia de muitos. Viemos então, ressaltar o papel importante das crianças e adolescentes, com sua capacidade transformadora, aberta à universalidade e ao chamado de Jesus a todos: “Ide, portanto, e fazei que todas as nações se tornem discípulos...” São crianças e adolescentes que assumem diariamente esse estilo de vida, esse jeito especial de ser todos os dias, em casa, na escola, na comunidade e em todos os ambientes onde estão inseridos. Fazem acontecer o Reino de Deus. Com a oração e solidariedade concretas, elas ajudam e evangelizam outras crianças e adolescentes e, assim, cooperam com a missão que é de Deus.
A Infância e Adolescência Missionária é uma Obra do Papa para a Igreja no mundo inteiro. É uma Obra para crianças e adolescentes, isto é, uma atividade permanente de evangelização e de solidariedade das crianças e adolescentes. Desde o Papa Gregório XVI até hoje, recebe o apoio dos Papas. Para compreendermos melhor o alcance educativo dessa Obra, trazemos um pouco da sua história, a qual teve início em 1843, após inspiração de Dom Carlos em fundá-la. Ele, dotado de um espírito missionário, sentiu-se impelido em ajudar e salvar outras pessoas, não só preocupado com suas realidades e evangelização, mas com a salvação de todas elas. Dom Carlos, desde sua adolescência, tinha uma estreita relação com os missionários da China, e manifestava o desejo de chegar até lá e ser um missionário junto aos demais. Mesmo impedido por diversas circunstâncias, não desanimou nem perdeu seu amor e empenho em ajudar. Foi sagrado Bispo de Nancy (França) em 1823 e, ao longo dos anos, teve conhecimento, por meio de cartas dos missionários, sobre a realidade das crianças da China e das formas de abandono que sofriam. Por volta de 1842, após uma conversa com Pauline Jaricot, teve um primeiro momento em que se pensou unir os dois objetivos: a evangelização e a ajuda às crianças. Pareceu mais prudente, porém, deixar as duas obras independentes. E, aos 19 de maio de 1843, inicia-se, então, a Obra com e para as crianças que sofriam na China.
Pauline foi a primeira colaboradora da Santa Infância, seguindo aquilo que lhe fora confiado: uma Ave-Maria por dia e uma moeda ao mês. Dom Carlos a chamou de Santa Infância, pois desejava que o caminho missionário das crianças, e hoje também dos adolescentes, seguissem as pegadas de Jesus feito criança. Aquele que vai ao encontro das outras pessoas, de forma cuidadosa e plena de amor. Nos seus 180 anos de criação, que ainda celebramos, queremos também destacar a caminhada da Obra pelo Brasil. Após sete anos da fundação, o Pe. Monteil a introduziu no Brasil, no ano de 1850. No ano seguinte, em 1851, o Relatório Geral da Obra registra a participação do Brasil no seu primeiro ano de funcionamento. Embora esse início tenha ocorrido em tempo próximo à fundação, ocorreram altos e baixos, sendo oficialmente reorganizada aos 16 de março de 1955. Com a nomeação do Diretor Nacional, o então Pe. Paulo Van de Zandt, da Congregação do Espírito Santo (Espiritanos). Foi aprovado o estatuto e adquirida uma sede própria na cidade do Rio de Janeiro. Sempre preocupada em ajudar e atender as necessidades de crianças e adolescentes no mundo inteiro, com o carisma especial da oração e colaboração material, fruto de sacrifício de tantas crianças e adolescentes que assumem com alegria esse jeito especial de ser.
Hoje a IAM cresceu e tem produzido muitos e bons frutos em diversas dioceses pelo Brasil. De forma nítida, vemos o quanto a IAM tem sido importante para o despertar do espírito missionário universal. A peregrinação da IAM este ano, em comemoração aos 180 anos da Obra, mostra esse sopro de vida do Espírito Santo, essa força que age em nossas crianças, adolescentes, assessores e famílias, que os levam ao movimento impulsionador de ir ao encontro de todos, sem exceção, que faz sair de si para ir ao encontro do outro. Quantas pessoas encontramos em nossas comunidades impulsionadas por esse movimento. A exemplo do que apresentamos na edição anterior da Revista SIM, com relatos de quem outrora fora criança da Infância e Adolescência Missionária e, hoje, assumem uma vocação na Igreja e continuam a colaborar com a missão de Deus, vivendo o estilo de vida todos os dias, sensível às dores de todos, até os confins do mundo.
Podemos dizer que a IAM tem, sim, uma linda caminhada e que tem muito a colaborar com a Igreja, não só no Brasil, mas até os confins, e que somos uma Obra do Papa para a Igreja no mundo inteiro, aberta à universalidade desde a sua fundação até os tempos atuais. O nosso Papa Francisco destaca em sua carta para as crianças por ocasião dos 180 anos da Obra: “Queridas crianças e adolescentes missionários, quero agradecer-vos porque, com o vosso empenho, ajudais a todos nós a sermos testemunhas corajosas do Evangelho e a partilhar com os outros, além dos subsídios materiais, o que temos de mais precioso: a fé. E quero agradecer também os vossos pais e animadores que vos acompanham, promovendo o carisma e a espiritualidade da Obra da Santa Infância. É uma «Obra Pontifícia», isto é, universal, da Igreja Católica, do Papa e portanto considero-vos meus colaboradores especiais. Lembro-vos e também vos exorto, no entanto, que isto implica também um outro empenho: o de construir pontes e relações, a exemplo do próprio Cristo”.
Continuai a empenhar-vos segundo o carisma que Dom Charles de Forbin Janson vos deixou, seguindo a pequena via de Santa Teresa do Menino Jesus, fiéis ao vosso lema: “as crianças rezam pelas crianças, as crianças evangelizam as crianças, as crianças ajudam as crianças”. O Senhor vos abençoe e vos acompanhe sempre e, peço-vos: não vos esqueçais de rezar por mim”. E, unidos ao Papa Francisco e a todas as crianças e adolescentes do mundo inteiro na oração e solidariedade, assumindo de fato, a nossa saudação: de todas as crianças e adolescentes do mundo, sempre amigos!
Somos IAM e abertos à UNIVERSALIDADE.
Ir. Antonia Vania de Sousa, Secretária Nacional da IAM
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