ÁFRICA/MALI - Mulheres e crianças são as vítimas principais das violências no norte do país



A chaga das mulheres vítimas de violências sexuais continua a se agravar na região setentrional do Mali. São privadas de direitos humanos, não podem trabalhar, estudar nem ter acesso às estruturas sociais de base. Desde o mês de janeiro, o país vive uma guerrilha entre as forças do governo e os rebeldes Tuareg; a instabilidade e o estado de insegurança resultado de contínuos confrontos, como também a proliferação de grupos armados na região, a seca e a instabilidade política levaram à fuga cerca de 250 mil malianos para os países vizinhos, 174 mil são os deslocados internos.

Segundo o assistente do Secretário-Geral das Nações Unidas para os Direitos Humanos, os direitos civis e políticos foram limitados por uma interpretação muito severa da lei corânica da sharia, e por sistemáticas punições cruéis e desumanas, que compreendem assassinatos, mutilações e lapidações. O Escritório do Alto Comissariado para os Direitos Humanos (OHCHR) informou que, no norte do país, as crianças não podem estudar porque muitos professores fugiram e as escolas foram obrigadas a fechar. Além disso, a extrema pobreza, a falta de trabalho e de instrução facilitam o recrutamento de jovens vítimas junto às forças armadas dos grupos islâmicos.

Para fazer valer os direitos humanos das mulheres e oferecer a elas alguma oportunidade, é fundamental adotar medidas adequadas e promover sua participação na vida pública. Elas poderiam desempenhar um papel importante no processo de construção da paz como também para a prosperidade do país. Atualmente, segundo o OHCHR, nessas regiões as mulheres podem ser compradas por menos de mil dólares. Também o presidente do Comitê Internacional da Cruz Vermelha tomou conhecimento da crise humanitária e da violação dos direitos humanos, e em breve visitará o Mali para depois prosseguir em direção ao Niger  Os grupos islamistas Ansar al Dine, o Movimento para a Unidade, a Yihad na África Ocidental, e Al Qaeda para o Magreb Islâmico há alguns meses têm o controle total de todo o norte do Mali, que representa dois terços do território nacional. A maioria das organizações de ajudas que atua nessa região foram obrigadas a se retirar por causa das ameaças, somente a Cruz Vermelha conseguiu manter de modo extraordinário as suas atividades, a partir de sua base operativa no Niger.

A divisão "de facto" do Mali, entre norte e sul, implica que as forças militares não podem entrar na primeira região, onde a organização humanitária presta assistência a mais de meio milhão de pessoas, um quarto dos seus habitantes.

FONTE: Agência Fides - 12/10/2012

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