A missão é uma só e nasce no coração da Trindade. A missão é de Deus e Deus é Missão. Ela nasce em nós pelo batismo e pelo encontro com Jesus Cristo que dá novo horizonte à nossa vida (cfe. Ap29). É um encontro apaixonante que transborda. “Missão é paixão por Jesus Cristo e simultaneamente paixão pelo seu povo” (Evangelli Gaudium, 268). Sem essa paixão, a missão é reduzida e dispersa, e saímos para muitas outras coisas, andando de um lado para o outro sem mística e ardor. Portanto, missão é questão de paixão e identidade cristã.
Jesus convocou o grupo dos doze para que primeiro ficassem com Ele e depois os enviou a pregar (Cfe. Mc 3,14). A primeira tarefa do missionário (a) é ficar com Ele para deixar-se conformar pela Sua identidade. Desse encontro, nasce a missão que não tem fronteiras. O envio é até os confins da terra, ou seja, até as periferias geográficas e existenciais. Ao sermos enviados, não anunciamos a nós mesmos e a nossos projetos, mas ao Evangelho, boa notícia de salvação para todos.
O papa Francisco dá ênfase à dimensão existencial da missão: “Eu sou uma missão de Deus nesta terra, e para isso estou neste mundo” (Evangelli Gaudium, 273). A vida se torna uma missão. Ser missionário (a) está além de cumprir tarefas ou fazer muitas coisas. Está na ordem do ser. É existencial, identidade, essência e não se reduz a algumas horas do dia. Na Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate o papa chega a afirmar: “Não é que a vida tenha uma missão, mas a vida é uma missão” (27).
Dentro dessa compreensão existencial da missão, o testemunho tem força eloquente. Paulo VI sublinha: “As pessoas de hoje escutam com mais boa vontade as testemunhas do que os mestres, e se escutam os mestres é porque eles são testemunhas”. E ainda: “Cada santo (a) é uma missão por excelência” (Gaudete et Exsultate ,19). Nesse sentido, o nosso mês missionário de outubro ressalta o valor do testemunho num mundo marcado por tantas formas de violência. Portanto, testemunhar o Evangelho da paz nos convida a ações concretas de misericórdia, nas realidades desfiguradas pela corrupção, fome e por injustiças.
A missão é sempre tarefa eclesial. Uma pessoa, grupo ou instituição não pode ter o monopólio da missão. A missão tem, portanto, cunho comunitário. Nossos conselhos missionários, em suas distintas composições (paróquia, diocese, regional e nacional) são convidados a caminhar juntos e a contribuir com a missão de Deus. Uma forma concreta de cooperar com a causa missionária é a oração e a oferta em favor da evangelização dos povos. O Papa Pio XI, tendo presente as grandes necessidades universais, instituiu em 1926 o penúltimo domingo de outubro como Dia Mundial das Missões. A colaboração de cada cristão nesse dia tem como finalidade a Evangelização, Animação e Cooperação Missionária. Dessa coleta, 80% são destinados a auxiliar atualmente 1.050 dioceses pobres nos “territórios de missão” e diversos projetos na África, Ásia, Oceania e América Latina. Os outros 20% são para a ação missionária no Brasil.
O mês de outubro quer nos animar na realização das atividades missionárias no Brasil e no mundo. Neste ano em que as Pontifícias Obras Missionárias (POM) celebram 40 anos de missão, queremos lembra a vida de tantos missionários que construíram essa história.
Com a finalidade de animar a Campanha Missionária, foram produzidos e enviados às 276 dioceses e prelazias do Brasil diversos materiais que serão distribuídos nas paróquias e comunidades. Todos os materiais estão disponíveis para baixar e multiplicar livremente, no site das POM.
Pe. Maurício da Silva Jardim, Diretor Nacional das POM
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