Oração de uma estudante do Quênia


"Senhor, não sei como se deve rezar. Tudo o que te peço, ó Deus, é que me escutes, pois ninguém me escuta, ninguém conhece minha dor.

Cada manhã, antes de ir para a escola, devo buscar água com a vasilha na cabeça, a vários quilômetros de distância. Há tantas coisas a fazer em casa que, frequentemente, chego tarde na escola. Quando volto para casa sempre há outros trabalhos que me esperam. Carrego os pequerruchos nas costas, devo lhes dar comida, dar banho neles e pô-los na cama. Não tenho tempo para as tarefas escolares, pois, também à noite, minha mãe precisa de minha ajuda.

Meus professores me punem, ralham comigo, às vezes, até me batem. Parece que não entendem o meu destino. Não têm tempo para me ouvir. Fico em pé até altas horas entre cinco irmãos e minha mãe sempre tem muito o que fazer.

No fim do ano escolar, sou sempre a última da turma. Minha mãe diz que é muito difícil continuar pagando as despesas escolares e que nunca consigo passar de ano. Diz que estarei condenada a ficar pobre para o resto da vida, se não conseguir passar nos exames. Mas ela não sabe que não consigo me concentrar de estômago vazio. Tenho tanta fome e estou tão cansada que não consigo acompanhar o que o professor explica...

Senhor, escuta minhas lágrimas. Escuta a queixa das crianças desta nossa terra. A queixa das crianças que são exploradas, maltratadas e ralhadas.

Ilumina os que fazem as leis a olharem com carinho para as crianças como seres humanos que precisam de amor e compreensão.

Olha para minha mãe com bondade e reduz seus sofrimentos de maneira que nós, seus filhos, possamos esperar uma vida melhor.

Estudante do Quênia

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