A Missão Continental e a IAM e JM.


1. A Missão Continental é um tempo de graça! Também para a IAM e JM? Por que e como?
Em Aparecida a IAM é mencionada especificamente como uma organização de crianças que leva adiante um projeto pastoral, em nosso caso, missionário. O mesmo se diga da JM para os jovens (embora este nome não apareça explicitamente em Aparecida). A graça consiste na "comoção" que significa uma nova tomada de consciência missionária (Comblin: nunca houve um documento tão missionário da Igreja da América Latina) que repercute diretamente na Infância que tem como sua bandeira a missão. Se Aparecida é um kairós, é um kairós especial para os serviços das POM, e para a missionariedade (vocação missionária) das crianças, adolescentes e jovens. A Missão Continental é um convite á IAM e JM de redescobrir com nova força o carisma fundacional: crianças, adolescentes e jovens não somente são missionados, mas são missionários, ad intra e ad gentes.


2. O conteúdo central da Missão Continental é Jesus Cristo, - um verdadeiro encontro com Jesus Cristo - Escutar e conhecer a Jesus Cristo (primeira semana de escola de Jesus); o desafio de que os jovens tenham uma experiência de encontro com Cristo (discipulado) que os leve á missão.
Facilitar à criança, ao adolescente e ao jovem esta experiência do 'encontro com Cristo' (discipulado) parece como a exigência por excelência que nos põe a hora missionária de Aparecida. O binômio 'discipulado-missão', as "duas faces de uma moeda" (Bento XVI) as duas faces de toda identidade-vocação cristã, é a raiz do compromisso missionário do jovem. Então temos que fortalecer e priorizar a todo custo como decisivo de nosso trabalho de animadores, o encontro com Cristo. O que a escola com Jesus deve e sempre quis alcançar, é este encontro vital, que é ao mesmo tempo cognitivo como afetivo. Devemos refletir e buscar todos os caminhos possíveis, para que os jovem chegue a ter uma experiência do encontro, que lhe faz dizer como verdade que 'Jesus é meu amigo', (como Paulo) e ao conhece-lo me fiz missionário.


3. Será essencial a dimensão da Bíblia. Pede-se que a Missão Continental tenha uma forte característica bíblica, para que seja eficaz e dê frutos.
Recentemente terminou em Roma o sínodo importantíssimo sobre "a Bíblia na vida e missão da Igreja" com uma mensagem profunda: "Nossa fé não tem no centro só um livro, mas uma história de salvação e, como veremos, uma pessoa, Jesus Cristo, Palavra de Deus feita carne, homem, história". Os padres sinodais nos propõem "uma viagem espiritual que se desenvolverá em quatro etapas, e a partir do eterno e infinito de Deus nos conduzirá até nossas casas e pelas ruas de nossas cidades".
a) a VOZ da Palavra: a Revelação
b) o ROSTO da Palavra: Jesus Cristo
c) a CASA da Palavra: a Igreja,
d) OS CAMINHOS da Palavra: a missão.
Bento XVI se havia adiantado em Aparecida com a urgência de uma aproximação bíblica a toda pastoral: "Por isto, há que educar o povo (os jovens) na leitura e meditação da Palavra de Deus: que ela se converta em seu alimento para que, por própria experiência, vejam que as Palavras de Jesus são espírito e vida (Jo 6,63). Do contrário, como vão anunciar uma mensagem cujo conteúdo e espírito não conhecem a fundo? Temos de fundamentar nosso compromisso missionário e toda nossa vida na rocha da Palavra de Deus. Para isso, animo aos pastores a esforçar-se em dá-la a conhecer." Á mesma conclusão chegou a Federação Bíblica Católica em seu Congresso Mundial de Tanzânia em Junho de 2008, formulando prioridades: "A animação bíblica de toda a vida da Igreja, de maneira que todo o mistério pastoral (a missão) esteja inspirado e animado pela Palavra de Deus" – "A promoção da prática da 'lectio divina contextualizada e criativa', que possa facilitar maior correspondência entre a fé e a vida" (Doc Final CBF-Daresalam).


4. A Missão Continental nos leva a redescobrir o carisma central da Infância Missionária: o impulso e a espiritualidade "ad gentes" de Dom Carlos Forbin Janson (Crianças ajudam crianças, China) e para os jovens de hoje (“Juventude Missionária, sempre solidária ).
A Igreja da América lhe custa abrir-se com vigor e com pessoal para a missão ad gentes. Aparecida dedica á missão ad gentes uma página (373-379), e com isso é mais que nunca. A IAM e a IM haviam rezado que aparecessem estes números em um documento importante. A visão missionária (visão de solidariedade missionária de 'crianças que ajudem a outras crianças - ad gentes) de Paulina Jaricot e Forbin Janson se encarna agora em um Documento Pastoral latino-americano. Quando os Bispos em Aparecida convidam a suas Igrejas locais a toda a humanidade, convidam com naturalidade e preferência ás crianças e jovens missionários que desde já haviam encarnado profeticamente a missão ad gentes, muito antes de Aparecida, fiéis á vocação batismal de todo cristão (veja Paulina Jaricot e Mons. Forbin). A dimensão missionária ad gentes (já é uma solidariedade não somente com China, mas com todas as crianças e jovens na busca da VIDA) deve ser fortalecida por esta missão continental, que é, como bem dito Mons. Castro na segunda palestra do CAM 3, "não pode ser somente uma missão na e para América, mas também uma missão a partir das Américas". A JM deve ser pioneira a esta nova abertura de toda uma Igreja para o mundo que espera Cristo.


5. A Missão Continental deverá ser fundada em um grande esforço de formação dos agentes de missão (crianças e animadores de crianças, jovens, famílias...)
O próprio Documento sobre a Missão Continental lançado pelo CELAM, insiste que ela deve começar com um pressuposto iniludível, uma intensiva FORMAÇÃO dos agentes desta missão. Para a Juventude de nosso continente, que se chama católico, e então deveria chamar-se missionário, é simplesmente reformular a urgência de sempre: formar com um zelo novo, uma entrega nova, métodos e materiais novos, nossos jovens missionários, para que possam ser 'missionários'. Porém antes de falar da formação de jovens, o kairós missionário que vivemos, nos impulsionará refletir e melhorar e levar adiante uns programas de formação renovada para nossos animadores (assessores, coordenadores diocesanos e estaduais, etc). O jovem será missionário, enquanto seu animador(a) tenha formação, motivação e compromisso missionários. O jovem seguirá o modelo de Jesus, mas também o de seu animador-coordenador, que cada semana compromete o grupo na dinâmica de seu próprio encontro com Cristo (discipulado missionário)


6. A Missão Continental deve ser caracterizada pela presença e o protagonismo dos leigos, dar protagonismo missionário às crianças, adolescentes e jovens de uma maneira nova.
Ainda não é claro para cada pároco e cada bispo, que nossos jovens, adolescentes e crianças não são somente objeto da missão e pastoral da Igreja, mas eles são e devem ser sujeitos preferenciais da missão, muitas vezes mais criativos e eficazes que os próprios adultos. O primeiro a ser convertido é muitas vezes o pároco, para que através de um novo processo de formação missionária para a Missão Continental, se dê conta da capacidade missionária da IAM e JM. A juventude na América Latina, a insistência na participação forte dos leigos, não a assusta, ela quer estar pronta para estar na primeira fila de todos os leigos que assumem a missão ad intra e ad extra. Essa missão dos leigos, e os jovens são leigos comprometidos, não é outra vez uma missão bem pensada em um documento, mas uma missão praticada. A Missão Continental não a queremos apenas pensar, não mais, a queremos "fazer" como leigos. Se alimentará da contemplação da Palavra, da oração constante e da revisão constante das pequenas missões feitas com os jovens, para que vejam as "maravilhas que o Senhor faz" através deles.


7. Que significa para a IAM e JM, sua organização e suas estruturas, que temos que "renovar estruturas caducas? Quais são (DA 365)?
A proposta da missão como responsabilidade de todos, está acompanhada por um forte e evidentemente necessário convite á conversão. Sobretudo a nível de paróquia, se insiste em mudar e revisar todos os enfoques do trabalho pastoral, tendo a missionariedade da comunidade fiel como eixo transversal. A IAM e JM não pode não assumir este convite á mudança, já tem em sua bandeira justamente a missão (que deve ser renovada). De minha experiência de acompanhamento da IAM e agora da JM, posso atrever-me a fazer umas considerações quanto á renovação. Até que ponto se consegue levar á base a concretização da ‘escola com Jesus’? Leva o jovem – seja a metodologia das reuniões ou o que seja – a descobrir vitalmente o rosto e a pessoa de Cristo (encontro com Ele) e a um ir-se missionariamente ao encontro dos jovens da própria comunidade e do mundo? Como anda o recrutamento e, e sobretudo, a formação contínua de nossos animadores dos grupos de jovens da IAM e JM? Como é sua preparação de fé, de missão, de psicologia? Como está inserida a IAM e JM no funcionamento pastoral da paróquia? Estamos aproveitando bem o intercâmbio de materiais já existentes no Continente? Se produzem coisas novas á luz de Aparecida?


8. A América Latina que sai do Cam 3 quer finalmente formular um Projeto Missionário da Igreja na América. Que espaço tem as POM (e a JM especificamente) neste projeto?
O Congresso Pós-CAM de dezembro de 2008, se falou da implementação do CAM3, e se procurou pistas para formular o assim chamado 'Projeto Missionário' da Igreja na América. Que papel pode ter a JM neste projeto, que deverá ser mais que um projeto? Recordamos que os jovens, sendo jovens missionários, são ou poderiam ser uma força missionária em uma Igreja majoritariamente jovem. Poderá aproveitar a Igreja o protagonismo missionário dos jovens, que como força e fator missionário simplesmente não existiram no CAM 3? Seremos capazes de formular este projeto para o mundo pastoral dos jovens? Não poderá ser um projeto missionário, onde não há papel e lugar para crianças e jovens. – Poderá a IAM e JM com seu carisma fundacional de ad gentes, despertar os jovens da América para solidarizar-se com as massas de jovens em busca de vida plena na Ásia e África?


9. Pede-se que a Missão Continental deve começar com uma análise da realidade. Que análise da realidade (social e da fé) está na base de nosso trabalho com os jovens?
A sociedade moderna que é uma sociedade marcada por fatores como a ameaça á família, a secularização generalizada, a super abundância de impactos visuais, o mundo digital onipresente, a escassez de formação religiosa, para mencionar alguns, marcam o mundo cotidiano de nossos jovens. Vemos que, seja os jovens do campo como os das urbes, sofrem diferentes ameaças de despersonalização. Mais que nunca está ameaçada a sadia liberdade dos jovens, que são objeto preferencial do enfoque consumista da sociedade. Ao mesmo tempo, com uma boa avaliação da situação social-religiosa dos jovens, temos que avaliar também a realidade de nossas Igrejas, a força ou debilidade de sua missionariedade; porque os jovens são membros de uma comunidade cristã em caminho, vivem os acertos e debilidades de suas próprias Igrejas locais. Em cada país, em cada diocese e paróquia, temos que fazer esta análise da realidade, e fazê-la sem medo e com muita seriedade, para que saibamos bem qual é a situação que vivem nossos jovens e nossos assessores, com os quais e pelos quais queremos fazer pastoral missionária.


10. "Não tenho nem ouro nem prata, mas te dou o que tenho" (At 3,6a). Que têm os jovens da América Latina? E o estão dando?
O encontro de Pedro e João com o aleijado que pede esmola todos os dias na entrada do templo, e onde os apóstolos lhe confessam sua pobreza e sua riqueza – que é Cristo – me fez perguntar-me nas riquezas de nossos jovens americanos. Nossos jovens "querem dar o que têm". Sua fé simples, sua generosidade, sua criatividade, sua boa vontade, seu otimismo e alegria, marcados cada vez mais da força missionária que vem de um verdadeiro encontro com Cristo, fazem de nossos jovens fiéis uma força missionária, uma força de oração e uma força de solidariedade internacional ad gentes. Os corações abertos dos jovens – amigos de Jesus – não têm fronteiras, e serão um fator importante na execução de um possível projeto missionário da América.


Pe.Walter von Holzen, Dir. OMP Paraguay

Adaptado por Pe. Edson Assunção e Pe. André Luiz de Negreiros

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