Missão: responsabilidade de todos


Até um passado não muito distante, quase todo mundo na Igreja achava que a missão era tarefa de alguns “especialistas” no assunto. Com isso várias congregações religiosas masculinas e femininas foram criadas, para acolher o “carisma missionário”.

No entanto, na década de 60 o Espírito Santo fez uma verdadeira reviravolta na Igreja, buscando retornar ás fontes. E uma das “revoluções” trazidas pelo Espírito no Concílio Vaticanos II (e seus desdobramentos) foi a consciência de que todos na Igreja são responsáveis diretos pela atividade missionária da Igreja, que, aliás, faz parte de sua essência. “A Igreja é essencialmente missionária”, diz o Decreto Ad Gentes (nº 2). E, na Igreja, cada, de acordo com seu estado ou função, tem uma parcela de responsabilidade, a começar pelo Papa, passando pelos Bispos, clero, até o mais desconhecido dos fieis.

Em sua belíssima encíclica missionária Redemptoris Missio, o Papa João Paulo II tratou do tema nos números 63 a 76, onde, dentre outras coisas diz:

- “Como o Senhor ressuscitado confiou o mandato da missão universal ao colégio apostólico com Pedro à cabeça, assim essa responsabilidade íncumbe antes de maís ao colégío dos Bispos, tendo à sua cabeça o sucessor de Pedro”.

- “Os irmãos Bispos são comigo diretamente responsáveis pela evangelização do mundo, quer como membros do colégio episcopal, quer como pastores das Igrejas particulares. O Concílio declara a propósito disto: ‘O cuidado de anunciar o Evangelho, em toda a terra, pertence ao colégio dos pastores, aos quais, em comum, Cristo deu o mandato’”.

- “Colaboradores do Bispo, os presbíteros, por força do sacramento da Ordem, são chamados a partilhar a solicitude pela missão: ‘o dom espiritual que os presbíteros receberam na Ordenação prepara-os, não para uma missão limitada e restrita, mas para uma vastíssima e universal missão de salvação "até aos confins da terra", uma vez que todo o ministério sacerdotal participa da mesma amplitude universal da missão confiada aos Apóstolos por Cristo’. Por isso, a própria formação dos candidatos ao sacerdócio deve procurar dar-lhes ‘aquele espírito verdadeiramente católico que os habitue a olhar para além dos confins da própria diocese, nação ou rito, indo ao encontro das necessidades da missão universal, prontos a pregar o Evangelho por todo o lado’. Todos os sacerdotes devem ter um coração e uma mentalidade missionária, estarem abertos às necessidades da Igreja e do mundo, atentos aos mais distantes e, sobretudo, aos grupos não cristãos do próprio meio. Na oração e, em particular no sacrifício eucarístico, sintam a solicitude de toda a Igreja pela humanidade”.

- “Os últimos Pontífices têm insistido bastante na importância do papel dos leigos para a atividade missionária. Na Exortação apostólica Christifideles laici, também eu tratei explicitamente da ‘missão permanente de levar o Evangelho a todos quantos - e são milhões e milhões de homens e de mulheres - ainda não conhecem Cristo redentor do homem’, e do respectivo compromisso dos fiéis leigos. A missão é de todo o Povo de Deus: se é verdade que a fundação de uma nova Igreja requer a Eucaristia, e, por conseguinte, o ministério sacerdotal, todavia a missão, que comporta as mais variadas formas, é tarefa de todos os fiéis. Aliás a participação dos leigos na expansão da fé é clara, desde os primeiros tempos do cristianismo, tanto a nível de indivíduos e famílias, como da comunidade inteira. Isto foi já recordado por Pio XII, ao referir na primeira encíclica missionária, as vicissitudes das missões laicais. Nos tempos modernos, também não faltou a participação ativa dos missionários leigos e das missionárias leigas. Como não recordar o importante papel desempenhado por estas, o seu trabalho nas famílias, nas escolas, na vida política, social e cultural, e em particular o seu ensino da doutrina cristã? Mais: é necessário reconhecer, como um título de honra, que algumas Igrejas tiveram a sua origem, graças à atividade dos leigos e das leigas missionárias”.

Portanto, todos somos responsáveis pela Igreja inteira e não somente por nosso grupo ou movimento em nossa comunidade local. Saibamos agir localmente, mas sempre assumindo nossa responsabilidade universal.

Pe. Edson Assunção

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