Um relatório divulgado nesta sexta-feira (29) pelo Acnur, Alto Comissariado da ONU para Refugiados, mostra pela primeira vez a situação das crianças refugiadas da guerra civil que dura quase três anos na Síria. O estudo, intitulado “O Futuro da Síria – Crianças Refugiadas em Crise”, informa que há ao todo 1,1 milhão de crianças sírias refugiadas pelo conflito - o que equivale a 52% do total de sírios que deixaram o pais. Desse número, 75% têm menos de 12 anos.
Metade das crianças refugiadas sírias que vivem na Jordânia trabalha para ajudar na renda da família e mais da metade não frequenta a escola. "No Líbano, estima-se que mais de 200 mil crianças em idade escolar permanecerão fora da escola ate o final deste ano", diz o estudo.
Nesses dois países, mais de 3.700 crianças vivem sem um ou dois pais - ou ainda sem nenhuma proteção de adultos.
"Estamos falando de pessoas que tiveram que fugir de uma guerra, as pessoas mais vulneráveis. Já é um impacto muito grave, mesmo que se consiga resolver o conflito em dezembro, mesmo assim é um impacto drástico e muito dramático. Tentamos ajudar o máximo possível, diminuir ao máximo o impacto dessa tragédia. Mas não somos uma agência política, somos uma agência humanitária. O que tentamos com isso [a pesquisa] é mostrar para o mundo como está terrível o drama humanitário, dando a dimensão com a parte mais vulnerável da sociedade [as crianças] e para mostrar que quem fugiu é vítima do conflito. E o que a pesquisa mostra é que as famílias estão sendo destruídas e que o futuro do país está sendo destruído", disse em entrevista ao G1 Andrés Ramirez, representante do Acnur no Brasil.
Até o final de setembro, o Brasil hospedava 286 refugiados sírios, dos quais 273 pediram refugio após o início dos conflitos. Ramirez disse que o país é o que mais recebe sírios da América Latina.
O conflito na Síria já deixou 115 mil mortos e começou quando manifestantes contrários ao regime do presidente Bashar al-Assad foram para as ruas protestar e sofreram forte repressão do governo. Nesses três anos, a oposição se fragmentou e militantes islâmicos se infiltraram na luta contra o regime. A ONU deve hospedar uma conferência para tentar uma solução pacífica para a crise em 22 de janeiro, em Genebra.
Mahmoud, de 15 anos, não vai para a escola há quase três anos. Na Síria, os pais se preocupavam com a segurança, então o privaram de ir. Hoje seu salário é de US$ 60 em uma peixaria, o que ajuda a pagar o aluguel da casa da família (Foto: S. Baldwin/Unhcr)
FONTE: G1 - 29/11/2013
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