Um estudo inédito, realizado em uma parceria entre cinco ONGs, fez um retrato de como vivem menores de idade no Centro de São Paulo. A pesquisa chegou a números alarmantes, que constataram, além de problemas com drogas, que quase metade dos adolescentes estão atrasados no ensino escolar.
O levantamento ouviu quase 300 crianças, adolescentes, pais e cuidadores, moradores de rua ou não, e chegou à conclusão de que os aspectos da vulnerabilidade variam de acordo com a faixa etária do entrevistado. Em comum, só a pobreza.
Foram só vinte e duas entrevistas com jovens em situação de rua. 64% deles usavam drogas no momento da abordagem, e 41% declararam não frequentar escola.
Entre as crianças menores, de 2 a 6 anos, 29% disseram que conseguem comida nas ruas, mesmo sem morar nelas, e 51% declararam gostar desse ambiente.
Na faixa de 7 a 11 anos, 19% revelaram dormir com fome ou não ter certeza sobre isso. 37% delas relataram sofrer algum tipo de violência.
No grupo dos adolescentes, que inclui quem tem de 12 a 17 anos, cresce o atraso escolar, que atinge quase metade do total (49%). Além disso, 25% deles já consumiram álcool, 29% tem acesso a drogas pela rede de amigos, e 13% já praticaram infrações como roubos e furtos.
“Essas crianças são invisíveis. A pobreza agrava a situação de vulnerabilidade social. A criança vem de uma família numerosa, mora numa ocupação, majoritariamente, ou num cortiço, ou num barraco. Esse ambiente todo, que não é favorável ao desenvolvimento da criança, ele agrava a questão da vulnerabilidade”, avalia Ranieri Pontes de Souza, gerente da ONG Visão Mundial.
Hoje agente social, Sueli Dias Oliveira já viveu algo semelhante. Ainda adolescente, foi morar sozinha na região central da cidade, e levou mais de 20 anos para se livrar das drogas. No caminho, quase foi assassinada. Agora atuando em uma ONG para ajudar quem está em situação de vulnerabilidade, ela diz que o que já era ruim, piorou.
“Tem muita diferença na questão de quantidade de drogados, de usuários que têm hoje. Já havia muito, mas eu penso que, depois que chegou o crack, aumentou muito mais (...) Naquela época, quase que não se via crianças tão novinhas na rua”, relembra. Veja mais dados apurados pelo estudo na arte abaixo.
FONTE: G1 - Globo
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