Em 12 de outubro celebramos a festa de Nossa Senhora Aparecida e o Dia das Crianças. É um tempo de refletirmos sobre as tantas bênçãos que temos — mas também sobre os muitos desafios que ainda persistem no mundo todo. Apesar dos avanços — tecnologia, a Convenção sobre os Direitos da Criança, e, no Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescente — muitas crianças ainda enfrentam situações de fome, guerras, violência ou desastres naturais agravados pelas mudanças climáticas.
Realidades que ainda pesam para as crianças e adolescentes
Fome, insegurança alimentar e privação nutricional
Estima-se que 1 em cada 4 crianças menores de 5 anos vive em condição de severe child food poverty — ou seja, com dietas muito precárias, quase sem variedade, o que as torna muito mais vulneráveis a desnutrição grave. Isso corresponde a cerca de 181 milhões de crianças no mundo.
Na região da África Austral, seis países afetados por estiagens intensas enfrentam uma situação de emergência: cerca de 300 mil crianças estão ameaçadas por malnutrição aguda severa.
As mudanças climáticas — secas, inundações, eventos extremos — têm impacto direto na produção de alimentos, no acesso à água limpa, e na saúde em geral. Na África Austral, por exemplo, muitos agricultores perderam colheitas ou gado por falta de chuva, o que agrava a fome infantil.
Guerras, conflitos armados e deslocamentos
Mais de 473 milhões de crianças — ou seja, quase 1 em cada 6 no mundo inteiro — vive em zonas afetadas por conflitos. Isso inclui lugares onde escolas, hospitais e infraestrutura básica são destruídos, impedindo o acesso à saúde, educação e segurança.
Até o fim de 2023, 47,2 milhões de crianças tinham sido deslocadas internamente ou forçadas a deixar suas casas devido a conflitos e violência.
Impacto das mudanças climáticas e desastres naturais
Entre 2016 e 2021, desastres climáticos (inundações, secas, tempestades, incêndios) deslocaram 43,1 milhões de crianças em 44 países.
Aproximadamente 1 bilhão de crianças – de um total de cerca de 2,2 bilhões no mundo – vivem em países classificados como de “risco extremo” climático, ou seja, estão fortemente expostas a choques como furacões, ondas de calor, inundações fluviais, seca, poluição e falta de água.
Estima-se que mais de 820 milhões de crianças são expostas a ondas de calor extremas, 920 milhões a escassez de água, numeras milhões a poluição do ar ou doenças transmitidas por vetores como mosquitos.
Aqui vão algumas situações específicas para tornar concreta essa realidade:
- África: Sudeste da África, Chifre da África — há países inteiros afetados por seca, inundações irregulares, colheitas destruídas. Crianças sofrem com desnutrição severa, doenças ligadas à água contaminada, deslocamentos.
- Ásia: Sul da Ásia concentra muitos dos casos de insegurança alimentar grave para menores de 5 anos.
- Américas: Crianças que vivem em zonas rurais muito pobres, comunidades indígenas têm acesso limitado à alimentação adequada, saúde e educação. Também há impacto de desastres naturais — furacões, tempestades tropicais, enchentes.
- Europa: Embora muitos países tenham elevados padrões, há populações migrantes, refugiadas (por exemplo crianças vindas de zonas de conflito) que enfrentam riscos, acolhimento insuficiente, barreiras no acesso à educação ou saúde mental.
- Oceania: ilhas mais expostas ao aumento do nível do mar, tempestades mais fortes, impacto ambiental que afeta água potável, agricultura e infraestrutura. Crianças nessas ilhas sofrem com desastres naturais crescentes, e muitas vezes são geograficamente isoladas.
Convenções internacionais como a Convenção sobre os Direitos da Criança (ONU) e instrumentos como o Estatuto da Criança e do Adolescente (Brasil) estabeleceram bases legais fortes para proteger crianças de abusos, garantir educação, saúde, identidade, etc. Mesmo assim, a aplicação plena desses instrumentos ainda enfrenta obstáculos: falta de recursos, conflitos contínuos, desigualdade econômica, crises climáticas, instabilidade política, corrupção ou negligência.
Convite à ação e esperança
Como crianças e adolescentes membros da Infância e Adolescência Missionária, podemos (e devemos) fazer mais:
- Orar: por todas essas crianças — para que tenham segurança, alimentação, saúde, amor.
- Sensibilizar: contar essas histórias; muitas vezes a distância torna invisível.
- Ajudar localmente e colaborar com organizações que atuam no apoio a crianças: com doações, voluntariado, campanhas.
- Advogar por justiça climática e paz: pressionar para que autoridades, comunidades e igrejas atuem na prevenção de conflitos, no enfrentamento das mudanças climáticas, em políticas públicas que protejam os mais vulneráveis.
- Fazer sacrifícios pelas missões: as moedinhas do cofrinho missionário ajudam as crianças e adolescentes em todo o mundo. Que tal reforçar nosso sacrifício em prol das crianças e adolescentes ou criar iniciativas com seu grupo de IAM para arrecadar fundos para as missões?
Que ao festejar as crianças e Nossa Senhora Aparecida, que nossa celebração inclua compromisso concreto: que cada criança possa sorrir, brincar, aprender, crescer com dignidade.
De todas as crianças e adolescentes do mundo, sempre amigos!
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