Em alguns municípios brasileiros foram verificados índices piores do que os das regiões mais pobres do planeta.
Mesmo reduzindo em quase 50% a taxa de mortalidade infantil desde 1990, o Brasil ainda não garante o direito à vida a todas as crianças. Hoje os serviços de saúde são mais acessíveis, mas a qualidade não apresenta melhoras. "O acesso existe. Mas, em 2007, por exemplo, 30% das gestantes não haviam tomado uma vacina antitetânica. Que pré-natal é esse?", questiona Cristina Albuquerque, coordenadora do Programa de Sobrevivência e Desenvolvimento Infantil do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no Brasil. Em alguns municípios brasileiros foram verificados índices piores do que os das regiões mais pobres do planeta. "As metas de redução das mortalidades infantil e materna devem ser alcançadas nacionalmente e em alguns estados. Quando se vai para os municípios, porém, a situação fica mais complicada", diz Márcio Carvalho, oficial de monitoramento e avaliação do Unicef. "Ainda estamos muito aquém do que poderíamos na redução da mortalidade infantil", reconhece Márcio Fávilla, secretário-executivo da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República.
O Rio Grande do Sul é a unidade da Federação que mais se aproxima do índice observado em países desenvolvidos, com taxa de mortalidade de 13,9 em cada mil nascidos vivos. Entretanto, o número é mais que o dobro do registrado nos Estados Unidos (seis mortes por cada mil nascidos). No topo do ranking dos estados onde mais morrem bebês com menos de um ano está Alagoas. Em cada mil nascimentos, ocorrem 51,9 mortes. Levantamento do Observatório Regional Base de Indicadores de Sustentabilidade (Orbis) mostra que 41% dos municípios brasileiros apresentam taxas de mortalidade infantil menores que 15, 51 por mil. Em 51% das cidades, esse índice fica entre 15 e 30. Nos 9% das localidades restantes, as taxas são superiores a 30. Os dados mostram que para melhorar a saúde neonatal devem ser considerados fatores que vão além dos cuidados médicos. É preciso investir em saneamento básico, coleta de lixo e outras medidas que possam assegurar melhor qualidade de vida.
FONTE: Correio Braziliense, DF – 18/02/2009
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