#CAM4Comla9: América missionária, partilha tua fé


A caminhada missionária da Igreja na América Latina, rumo a uma progressiva, abertura universal, ficou profundamente marcada pelos Congressos Missionários Latino-Americanos (Comlas) que tiveram origem em 1977, nos Congressos Missionários Nacionais do México. Alguns passos já foram dados, mas a abertura do Continente para a missão em “outras margens”, ainda é tímida.

A cidade de Maracaibo na Venezuela acolhe, entre os dias 26 de novembro e 1º de dezembro de 2013, o 4º Congresso Missionário Americano e 9º Congresso Missionário Latino Americano (CAM 4 - Comla 9). Promovido pelas Pontifícias Obras Missionárias (POM), em colaboração com a arquidiocese de Maracaibo e a Conferência Episcopal, o evento pretende reunir cerca de 4.000 participantes. O Brasil participa com uma delegação de 135 pessoas representantes dos Conselhos Missionários Regionais (Comires), organismos e forças missionárias. Com certeza, será mais um momento forte de animação, motivação e fervor para continuar fazendo com que nossa Igreja seja cada vez mais missionária.

Antes do Congresso
Em sintonia com as reflexões missiológicas, o tema escolhido para o CAM 4 - Comla 9 é: “Discípulos missionários de Jesus Cristo da América, em um mundo secularizado e pluricultural”, e o lema: “América missionária, partilha tua fé”. Iniciativas a nível local, regional e nacional favorecem o estudo do tema. Vários países no continente realizaram seus congressos nacionais. Nessa perspectiva e em preparação para o Congresso de Maracaibo, o Brasil, realizou o seu 3º Congresso Missionário Nacional em julho de 2012, em Palmas (TO).


O Instrumento de participação do CAM 4 – Comla 9, já na sua introdução faz uma alerta: “Se perdermos de vista o ad gentes, ou seja, a missão universal, cairíamos em uma pastoral de conservação, repetitiva e rotineira, sem espiritualidade, sem impulso missionário. Somos chamados a superar uma vida eclesial de pequenas rezas, águas bentas, atendimentos pontuais, sucessos e eventos, para nos empenhar em uma pastoral de processos e compromissos sérios e continuados. Isso exigirá uma conversão pessoal, pastoral e eclesial, para continuar a missão de Jesus Cristo, encarnado, morto e ressuscitado para renovar a humanidade sofrida. (...) É urgente e inadiável responder a esta pergunta: Como anunciar o Evangelho e testemunhá-lo até os confins da terra em um mundo em transformação, secularizado e pluricultural?

Muito além de proporcionarem momentos de encontro, celebração e partilha, os congressos missionários são ótimas iniciativas, justamentes para nos recordar de compromissos e desafios como esses.

O Documento de Participação retoma também o Instrumento de Trabalho do Sínodo sobre a Nova Evangelização quando chama a atenção para “o tom fraco assumido pela secularização que invade a vida cotidiana das pessoas e desenvolve uma mentalidade na qual Deus está de fato ausente. (...) ‘A morte de Deus anunciada nos decênios passados por tantos intelectuais deu lugar a uma estéril mentalidade hedonista e consumista, que conduz a formas muito superficiais de afrontar a vida e as responsabilidades... Assiste-se a uma recusa prática da questão de Deus nas perguntas que o ser humano se coloca. As respostas à necessidade religiosa assumem formas de espiritualidade individualista ou formas de neopaganismo, ao ponto de se impor um ambiente geral de relativismo’ (Sínodo 2012, Instrumento de Trabalho, 53)” (n. 100).

Em seguida, faz uma forte constatação: “Um secularismo (ateismo teórico) estrito na América Latina é excepcional. O que é evidente é a idolatria que pretende crer ao mesmo tempo no verdadeiro Deus, dando culto aos falsos deuses do ter, do poder e do prazer. A separação entre a fé e a vida pessoal e pública é um drama entre nós. A indiferença ganha terreno” (n. 101).

É nesse ambiente e com essas questões que os discípulos missionários são desafiados a partilhar a fé.

A missa inaugural, na Praça da Basílica de Nossa Senhora de Chiquinquirá, no dia 26 de novembro, presidida pelo Delegado Pontifício do papa Francisco, terá uma atmosfera de profundo amor mariano ao calor de uma tarde de Maracaibo.

Grandes conferências no Palácio de Eventos da cidade debaterão o tema central. Os debates seguem em mais de 20 fóruns temáticos.

Depois do Congresso
A partir das conclusões desses fóruns deve resultar um conjunto de reflexões para redirecionar planos e opções pastorais em sintonia com a caminhada missionária do Continente. Os participantes terão a tarefa de ver a realidade, viver uma experiência de partilha e propor caminhos de renovação da Igreja, sem esquecer do compromisso das igrejas locais com a missão universal. A expectativa é de que o CAM 4 - Comla 9 ajude no caminho da conversão pastoral e renovação missionária, apelo histórico repetido diversas vezes pelas Conferências do Episcopado Latino-Americano e caribenho e recentemente recordado pelo papa Francisco durante a Jornada Mundial da Juventude (JMJ Rio 2013).

No Encontro com os dirigentes do CELAM (28 de julho), o papa retoma o Documento de Aparecida e ao falar da Missão Continental, lembra que esta se projeta em duas dimensões: programática e paradigmática. “A missão programática, consiste na realização de atos de índole missionária; a missão paradigmática, por sua vez, implica colocar em chave missionária a atividade habitual das Igrejas particulares”. Para que isso aconteça é necessária uma conversão, que significa “uma mudança de atitudes”. Para o papa “A mudança de estruturas (de caducas a novas) não é fruto de um estudo de organização do organograma funcional eclesiástico, de que resultaria uma reorganização estática, mas é consequência da dinâmica da missão. O que derruba as estruturas caducas, o que leva a mudar os corações dos cristãos é justamente a missionariedade. Daí a importância da missão paradigmática”.

Essa séria chamada de atenção do papa Francisco poderia nos dizer que, num mundo pluricultural e secularizado, não basta realizar eventos missionários como os congressos continentais. É preciso assumir pra valer atitudes na ótica da Missão. Por que como diz o próprio Instrumento de participação no CAM 4 - Comla 9, “não faltam em nossa Igreja universal, continental e nacional numerosos documentos teológicos, mas eles nem sempre são levados à prática”.

Congressos Missionários Continentais
O México, um dos primeiros países da América Latina a organizar-se na dimensão missionária, até 1977, já havia realizado seis Congressos Missionários Nacionais. Nesse ano, celebrava o 7º, na cidade de Torreón. Por iniciativa do cardeal Agnelo Rossi, então Prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos, enviado especial do Papa para o evento, foram convidados a esse Congresso, os bispos responsáveis das Comissões Missionárias das respectivas conferências episcopais e os Diretores Nacionais das Pontifícias Obras Missionárias de vários países latino-americanos, que imprimiram ao evento um caráter quase continental. Assim, o Congresso Missionário de Torreón (México) em 1977, tornou-se, o 1º Congresso Missionário Latino-Americano (Comla 1). No ano de 1999, por ocasião do 6º Comla na cidade de Paraná, na Argentina, o Congresso abriu suas fronteiras a todo o continente americano, tornando-se assim o 1º Congresso Missionário Americano (CAM 1) e o 6º Congresso Missionário Latino-Americano (Comla 6). Juntando os dois eventos, tornou-se (CAM 1 - Comla 6), sigla utilizada a partir de então para designar o evento.

Histórico
1977 – Comla 1, Torreón (México);
1983 – Comla 2, Tlaxcala (México)
1987 – Comla 3, Bogotá (Colômbia)
1991 – Comla 4, Lima (Peru)
1995 – Comla 5, Belo Horizonte (Brasil)
1999 – CAM 1 - Comla 6, Paraná (Argentina)
2003 – CAM 2 - Comla 7, Guatemala (Guatemala)
2008 – CAM 3 - Comla 8, Quito (Equador)
2013 - CAM 4 - Comla 9, Maracaibo (Venezuela).

Saiba mais

Jaime Carlos Patias, imc, é secretário nacional da Pontifícia União Missionária e assessor de comunicação das POM.

FONTE: POM - 24/11/2013

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