Prêmio Nobel Missionário


No dia 17 de outubro, véspera do Dia Mundial das Missões, foi realizada a trigésima edição do Prêmio Coração Amigo. Criada em 1990 pela Associação Fraternidade Coração Amigo Onlus para valorizar o trabalho de evangelização e empenho social realizado pela Igreja em favor dos pobres, o “Nobel Missionário” doa um total de 150.000 euros por ano a três missionários, religiosos e leigos, que se destacam na missão no mundo.

Este ano receberam o prêmio um religioso, uma religiosa e um leigo. “Homens e mulheres, que confiando na Palavra de Jesus, se dedicam com generosidade, não com base em planos ou estratégias políticas, mas movidos pela compaixão que toca o coração e abre os olhos a uma humanidade que precisa ouvir, ser curada e alimentada. Recordaremos estas pessoas no Dia Mundial das Missões com o Prêmio Coração Amigo”, explica padre Flavio Dalla Vecchia, presidente da Fraternidade Coração Amigo Onlus.

Eis os missionários e como gastam suas vidas ao serviço do Evangelho no mundo.


PADRE RINALDO DO, IMC
Religioso originário de Darfo, em Valcamonica (Itália), Missionário da Consolata que, desde 1991, se dedica ao Evangelho na República Democrática do Congo. Padre Rinaldo Do quando criança era um pouco maroto, mas gostava de ouvir histórias dos missionários que passavam pelo Vale animando os jovens para a missão. “Eles eram entusiastas”, recorda ele, “e sempre nos convidavam a ter um coração grande e generoso”. Quando fui até o meu pároco para o saudar e dizer-lhe que estava partindo para me tornar missionário, ele me disse: ‘não, não o Rinaldo! É demasiado maroto’”.

Ordenado sacerdote em 1984, viveu na Espanha durante seis anos e depois, em 1991, foi para o antigo Zaire (hoje República Democrática do Congo), país africano que, em mais de trinta anos de missão, percorreu de norte a sul, sempre se dedicando aos pobres. De fato, neste país rico em recursos naturais, padre Rinaldo passou dos imensos subúrbios de Kinshasa, a capital, para a savana de Doruma e para as florestas de Neisu, no norte.

Resistiu à malária, ao Ébola e à guerrilha dos rebeldes do norte mas, muito além das muitas dificuldades, cultiva sempre um desejo de transmitir coragem e fé aos mais necessitados, distribuindo bíblias mas também bicicletas, perfurando poços, construindo casas, escolas, postos de saúde, centros de nutrição.

Sempre ao serviço da missão, de diferentes povos, línguas e culturas, testemunha a todos aqueles que encontra, que Deus não está longe, caminha conosco todos os dias.

Sobre o seu chamado, padre Rinaldo diz: “o dom de ser sacerdote, missionário, religioso, não é um dom que diz respeito às minhas qualidades, capacidades e fraquezas, mas é um dom que vem de Deus”.


IRMÃ CATERINA GASPAROTTO
A religiosa atua desde 2005 na Ásia e Oceania (primeiro nas Filipinas, depois na Papua Nova Guiné) com várias obras sociais em favor de crianças e adultos. Irmã Caterina Gasparotto nasceu em Marostica, no Veneto, em 1966. Depois de obter o seu mestrado, no ano 2000 começou uma experiência de vida comunitária a serviço dos pobres e das crianças na Congregação das Escolas de Caridade – Padres Cavanis. É uma realidade muito pequena, reconhecida a nível diocesano na Papua Nova Guiné, chamada a viver o carisma que os Irmãos Cavanis (início de 1800) deixaram como um presente para a Igreja.

Em 2005 partiu para a Ásia, nas Filipinas, na ilha de Mindanao, nas periferias de Davao City, onde com outra Irmã, iniciou a sua vida de missão. Em 2013 mudou-se para a Papua Nova Guiné, na Oceania onde a população vive principalmente em zonas rurais, muitas vezes completamente isolada, com um modo de vida tradicional.

Existem muitos problemas sociais: analfabetismo, mortalidade infantil elevada, bem como a incidência do vírus HIV. Outro problema grave é o abuso do álcool e das drogas, também usadas por crianças para combater a fome.

A partir de uma casa de madeira da Diocese, na floresta, Irmã Caterina iniciou uma missão na Estação Bereina com uma escola primária, uma escola para adultos, tipografia para imprimir livros escolares, padaria, poço e horta para as mulheres cultivarem. Ao dar-lhes um pequeno trabalho, podem fornecer alimentação para as crianças e para os que vivem ao redor da Missão.


MÉDICO GABRIELE LONARDI
E finalmente o médico leigo que, desde 1980, é responsável pela saúde dos indígenas Suruwahá em Lábrea, na Amazônia brasileira. Depende do estado dos rios, são necessários de 15 a 20 dias para chegar aos seus pacientes, os indígenas Suruwahá. É assim que Gabriele Lonardi, médico de Verona com licenciatura em Pádua e especialização em doenças tropicais em Lisboa (Portugal), exerce a sua profissão.

Chegou ao Brasil em 1980 para um projeto de cooperação de uma ONG de Pádua. Trabalhou no Espírito Santo e depois no Piauí, no nordeste do país. Quando teve a oportunidade de viajar para o Amazonas, mudou-se para Lábrea, no extremo oposto do Brasil. A Prelazia de Lábrea tem como bispo, Dom Frei Santiago Sánchez Sebastian. Há anos, Dr. Lonardi faz longas viagens naquelas terras remotas para cuidar da saúde da população que não têm acesso aos serviços sanitários.

Ele cura a malária, tuberculose, anemia, filariose, (parasitárias), lepra e verminoses que atacam principalmente as crianças. As piores doenças tropicais se proliferam, transmitidas por insetos e agravadas pelo clima, pelas condições de higiene e falta de medicamentos e hospitais.

“Simplesmente segui a mensagem da Encíclica Populorum Progressio de São Paulo VI, que convidava a Igreja a ouvir o grito dos pobres e a disponibilizar-se, exortando os leigos a um compromisso pessoal. Os indígenas são seres humanos e também têm direito à saúde. Se a vida quase por acaso me trouxe até eles, como médico, tenho o dever de cuidar deles”, diz Dr. Lonardi e complementa: “Aqui me sinto realmente útil, para os outros e para mim mesmo”.

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