Há notícias de que um certo padre Monteil, Lazarista, teria introduzido a Obra da Santa Infância no Brasil em 1850. O fato teria sido documentado no Relatório Geral da Obra Pontifícia da Santa Infância de 1851, onde figura a participação do Brasil, no primeiro ano de funcionamento. Falta comprovação exata desses dados, mas com base em outras fontes, julgamos adotar o ano de 1858 como data de estabelecimento da Obra da Infância e Adolescência Missionária no Brasil.
Em 1887, Monsenhor João Fernando Tiago Esbérard registrava em um relatório a simpatia com que era vista a Obra e as colaborações que a Santa Infância vinha recebendo, inclusive de membros da família imperial.
Em 1889, a Obra estava em grande ascensão, tendo mandado ao Conselho Superior uma grande quantia em francos-ouro, como resultado da arrecadação anual. No entanto, a partir da Proclamação da República, em 1889, e da nomeação do Monsenhor Esbérard, Diretor Nacional, para Bispo do Rio de Janeiro, a Obra começou a entrar em declínio.
Por volta de 1926, a Obra ficou sem coordenação, após o falecimento do Diretor Nacional da ápoca, o monge beneditino Dom Plácido Guimarães de Oliveira, do Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro, e que também era Secretário e, às vezes, Diretor Interino. Por circunstâncias especiais, decidiu-se não nomear novo Diretor Nacional, e, assim, a Obra desapareceu do cenário nacional.
Contudo, ela continuou em algumas dioceses do Brasil, graças ao zelo de muitos missionários, a exemplo do padre Pedro Zingerlé, Lazarista, que foi Diretor Diocesano da Arquidiocese de Fortaleza (CE), por mais de trinta anos.
Somente em 16 de março de 1955 que, oficialmente, a Obra foi reerguida no Brasil, por desejo expresso do Papa Pio XII, e com a aprovação do Cardeal Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Mota, na época Presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Na ocasião, foi nomeado para o cargo de Diretor Nacional o padre Paulo van de Zant, CSSp (Superior Provincial da Congregação do Espírito Santo - Espiritanos).
Em 1950, o Papa Pio XII instituiu que o dia da Epifania (6 de janeiro) fosse o Dia Mundial da Infância Missionária, a ser celebrado em todas as dioceses. Para o Brasil, a CNBB preferiu o último domingo de agosto de cada ano, que foi celebrado, com coletas para as crianças do mundo todo a partir de 1959. Em 1972, a CNBB tirou a obrigatoriedade de celebrar dia 6 de janeiro, agrupando a celebração e eventual coleta ao Dia Mundial das Missões, celebrado a cada ano no penúltimo domingo de outubro.
NOVOS ESTATUTOS DAS POM
Até 1976, como praticamente em todos os países, havia no Brasil três Direções Nacionais distintas das Pontifícias Obras Missionárias: uma para a Propagação da Fé e São Pedro Apóstolo, com sede em São Paulo; outra para a Santa Infância, com sede no Rio de Janeiro; e outra para a União Missionária, cujo Presidente era o Cardeal do Rio de Janeiro; no entanto, em 1973, foi nomeado Presidente da União Missionária D. José Dalvit, Bispo Auxiliar de Belo Horizonte.
Com os novos estatutos aprovados em 1980, as quatro Obras foram agrupadas em uma única Direção Nacional, com um único Diretor Nacional das Pontifícias Obras Missionárias (POM). A data oficial de constituição da sociedade civil das POM, com sede nacional em São Paulo, foi o dia 20 de novembro de 1978. A Obra Pontifícia da Santa Infância passa a ser dirigida por um Secretário-Geral da Infância Missionária, em Roma, e um Secretário Nacional, dependente do Diretor Nacional das POM.
A HISTÓRIA RECENTE DA IAM NO BRASIL
Em 1978, por orientação da CNBB, a Sede Nacional das POM passou para Brasília, de forma a agilizar uma colaboração mais estreita com a antiga Linha 2, atual Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Missionária e Cooperação Intereclesial, da CNBB.
Em 1993, quando se comemoravam os 150 anos da Infância Missionária, em Cali (Colômbia), foi realizado o 1° Encontro Latino-Americano da Infância Missionária, que contou com participação de uma delegação brasileira: 20 adultos e 06 crianças. Esta celebração jubilar foi o sopro do Espírito Santo que fez novamente arder no Brasil a chama ainda fumegante da antiga Santa Infância, agora Infância e Adolescência Missionária (IAM).
A partir de 1995, com a realização do 5º Congresso Missionário Latino-Americano (Comla 5), em Belo Horizonte (MG), a IAM recebeu grande impulso e começou a se organizar em todo o país.
Na XVI Assembleia Nacional dos Coordenadores Estaduais realizada em Brasília (DF), nos dias 6 a 9 de dezembro de 2012, decidiu-se celebrar sempre no último domingo de maio, as Jornadas Nacionais da IAM. Aproveitando as celebrações dos 170 anos de fundação da Obra no mundo, decidiu-se ainda, dedicar o ano de 2013 como o Ano da IAM no Brasil.
Entre os dias 23 a 25 de maio de 2014, foi realizado em Aparecida (SP), 1º Congresso Americano da IAM, com o tema “IAM da América a serviço da missão” e lema “Vocês são meus amigos!” (Jo 15-14). Participaram 632 assessores e coordenadores da IAM, vindos de 17 países, sendo 506 do Brasil.
Atualmente, a Pontifícia Obra da IAM no Brasil conta com aproximadamente 30 mil grupos, envolvendo, pelo mensos, 260 mil crianças e adolescentes. Os grupos se multiplicam continuamente, em meio a grande entusiasmo, com abundantes frutos para a Igreja.
Um Secretariado Nacional, com sede em Brasília (DF), juntamente com 26 coordenadores estaduais mais o coordenador do Distrito Federal acompanha as coordenações diocesanas, como também os grupos das dioceses que ainda não tem uma coordenação. O maior desafio é criar coordenações diocesanas onde os grupos caminham de forma isolada e também utilizar o material das Pontifícias Obras Missionárias nas escolas que trabalham com a IAM criando uma maior comunhão e fidelidade ao carisma além-fronteiras.
Nesses últimos 10 anos a Obra tem se desenvolvido com grande vigor e intensidade:
- vão surgindo grupos, cada vez mais numerosos, nas comunidades, paróquias, colégios e escolas;
- a atualização da identidade e do carisma vem sendo aprofundada em encontros, congressos, trocas de experiência, escritos e debates;
- a organização vem melhorando, graças ao constante esforço de colaboração com as pastorais da Igreja, com a vivência de outros países, animada pela prioridade reconhecida às crianças e adolescentes na sociedade civil e também pelas organizações supranacionais.
O CARISMA DA IAM NO NOVO MILÊNIO
Por ocasião dos 160 anos da fundação da Obra, o Papa João Paulo II, na citada Mensagem de 06 de janeiro de 2003, fornece os critérios à luz dos quais a Infância Missionária deve orientar-se e avaliar sua caminhada:
- “[A Infância e Adolescência Missionária] propõe às crianças de todas as dioceses do mundo um programa baseado na oração, no sacrifício e em gestos de solidariedade concreta: assim elas podem tornar-se evangelizadoras de outras crianças.
- Queridas crianças missionárias, sei com que dedicação e generosidade vocês procuram levar adiante esta Obra apostólica. Vocês se esforçam de muitas formas para partilhar o destino das crianças obrigadas a trabalhar antes do tempo e socorrer as mais pobres, em suas necessidades.
- Sejam solidárias com os anseios e as dramáticas situações das crianças envolvidas nas guerras dos adultos, elas que freqüentemente são vítimas da violência bélica.
- Rezem todos os dias para que o dom da Fé que vocês receberam seja transmitido a milhões de crianças que ainda não conhecem Jesus.”
- “[A Infância e Adolescência Missionária] propõe às crianças de todas as dioceses do mundo um programa baseado na oração, no sacrifício e em gestos de solidariedade concreta: assim elas podem tornar-se evangelizadoras de outras crianças.
- Queridas crianças missionárias, sei com que dedicação e generosidade vocês procuram levar adiante esta Obra apostólica. Vocês se esforçam de muitas formas para partilhar o destino das crianças obrigadas a trabalhar antes do tempo e socorrer as mais pobres, em suas necessidades.
- Sejam solidárias com os anseios e as dramáticas situações das crianças envolvidas nas guerras dos adultos, elas que freqüentemente são vítimas da violência bélica.
- Rezem todos os dias para que o dom da Fé que vocês receberam seja transmitido a milhões de crianças que ainda não conhecem Jesus.”
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