Dia Mundial das Missões na Diocese de Santo André


“A missão da Igreja, a nossa missão é trabalhar pelo Reino de Cristo, pelo reinado de Cristo, no qual a moeda é o amor. A moeda desse reino é o amor fraterno. Durante essa pandemia observamos gestos maravilhosos de amor, de solidariedade e de fraternidade, isto é, dar a Deus o que é de Deus! É construir o seu reino de justiça, de paz, de partilha e de fraternidade”.

No Dia Mundial das Missões, 18 de outubro, o bispo da Diocese de Santo André (SP), Dom Pedro Carlos Cipollini, presidiu a Santa Missa destacando a nova encíclica “Fratelli Tutti”, lançada no início do mês pelo Papa Francisco. “Nenhum cristão deve se sentir dispensado de trabalhar na construção do Reino de Deus, que vai além de todas as estruturas socioeconômicas e políticas que temos na sociedade”, alerta Dom Pedro.

No documento pontifício escrito pelo Santo Padre, Francisco faz menção aos tempos atuais e ao mundo moderno que foi fundado sobre o trinômio: liberdade, igualdade e fraternidade, lema da Revolução Francesa, ocorrida no final do século XVIII. “As nossas leis garantem a liberdade e igualdade, mas a fraternidade, que é o terceiro pilar que sustenta o mundo moderno, estamos em atraso. E o Reino de Deus começa pela fraternidade. Somos todos irmãos! Jesus diz: ‘Pai nosso que estais nos céus’. Pai nosso, somos todos irmãos”, ressalta.

Santidade como referência
Dom Pedro cita a padroeira das missões como modelo a ser seguido na construção de um mundo mais justo e fraterno. ”Que nós tenhamos esse desejo. Deus não pede grandes coisas. Santa Teresinha nunca saiu do convento. Viveu 25 anos rezando pelos missionários. Mas o amor que teve em seu coração concretizou na vida dela, o Reino de Deus que devemos levar ao mundo. Peçamos que nossos gestos fraternos sejam potencializados pela força divina para que posamos dar a Deus o que é dele”, medita o bispo, ao comentar o Evangelho de Mateus (22,15-21), no 29º Domingo do Tempo Comum. Concelebrada pelo assessor diocesano do COMIDI (Conselho Missionário Diocesano), Pe. Osvy Guilarte Figuera, e pelo vigário da catedral, Pe. Flávio José dos Santos, a celebração reuniu fiéis e membros do COMIDI, COMIRE (Conselho Missionário Regional), COMIPAs (Conselho Missionário Paroquial), Infância e Adolescência Missionária e Juventude Missionária, na Catedral Nossa Senhora do Carmo, no Centro do município andreense. Com o tema “Vida e Missão”, e o lema: “Eis-me aqui, envia-me!” (Is 6,8), a Campanha Missionária 2020 acontece no mês de outubro em todo o Brasil, por meio das Pontifícias Obras Missionárias, com o objetivo de promover a animação e cooperação com os territórios de missão nos cinco continentes.

Abertura da Novena Missionária
A Santa Missa também promoveu oficialmente a abertura da Novena Missionária Diocesana 2020, que foi realizada de segunda (19/10) até o dia 27 de outubro. As transmissões online aconteceram pelas mídias diocesanas, sempre às 20h, pelo Facebook e YouTube.

Gesto concreto
Neste domingo também foi realizada a Coleta Missionária como uma iniciativa que simboliza um gesto concreto como uma expressão fraterna de todo o povo, através da oração e da colaboração ao Fundo Universal de Caridade, que mantém projetos nas áreas da saúde, educação, obras sociais, hospitais, leprosários, asilos, orfanatos, atendimentos à família e formação missionária em todo o mundo. Um exemplo dessa ajuda missionária citada por Pe. Osvy Guilarte é a contribuição para a Diocese de Pemba, em Cabo Delgado, região norte de Moçambique, na África, onde atua o bispo brasileiro Dom Luiz Fernando Lisboa. Sem recursos financeiros em razão da situação humanitária grave na província que vem sofrendo há alguns anos com tensões políticas, culturais, religiosas e o agravamento da fome, a Coleta Missionária se demonstra eficaz como apoio e solidariedade ao povo da região. “Vamos rezar para que a Igreja envie missionários para ajudar a construir o Reino de Deus onde precisa. Fortalecer os missionários que lá estão, como aqui no Brasil vieram muitos para fortalecer esse trabalho desenvolvido pelas Pontifícias Obras Missionárias”, conclama o assessor do Conselho Missionário Diocesano, que também é pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças, em Diadema.

Fé em tempos de pandemia
“A nossa fé em tempos de pandemia é e tem que ser missionária. Ela transcende qualquer questão que se possa imaginar”. A fala do coordenador do COMIDI, o autônomo Marcos Júlio Aguiar, 51 anos, chama a atenção para as ações de solidariedade e fraternidade que inspiram cristãos missionários diante das limitações impostas pela pandemia. “É um tempo extremamente desafiador, em termos de fé, psicológico e amplitude das questões. Literalmente, a vida é uma missão”, pontua o paroquiano da Paróquia Sagrado Coração de Jesus, em São Caetano.

Marcos constata o dinamismo do mundo atual, em que num dia celebrávamos com o povo de Deus, noutro se encontrávamos isolados. “No momento em que cada dia muda a nossa situação, trabalhamos a nossa fé interna e nós voltamos ao que chamaríamos de cristão das catacumbas – refúgio durante séculos para os cristãos sepultarem os seus mortos e expressarem a sua fé -, na qual ficamos meio escondidos, mas muitos de nós mantendo a nossa fé, como eram os cristãos das catacumbas. Tinham que se esconder, se saíssem, morriam. No nosso caso, os idosos e pessoas do grupo de risco, com comorbidades, ao sair se infectaram. Dentro disso, vamos trabalhando essa conscientização internamente para uma fé missionária eficaz”, reforça Marcos, que também trabalha com a questão dos povos indígenas que vivem nos contextos urbanos.

Ser cristão na sociedade
Integrante do COMIPA (Conselho Missionário Paroquial) da Paróquia Nossa Senhora dos Navegantes, em Diadema, a diarista Regiane de Sena Silva, 36 anos, indica a perseverança e a determinação como fundamentais na missão dos cristãos na sociedade. “Nossa missão é não desistir! É levar esperança! Estamos passando por momentos difíceis, mas Deus está conosco. Muitas vezes nos sentimos fracos e perguntamos onde está Deus? A gente está aqui para levar Ele a quem precisa”, reitera.

Aprendizado e legado
Vice coordenador do COMIDI, Douglas Cavalcante Ribeiro, 26 anos, valoriza o aprendizado e o legado missionário nestes tempos de distanciamento social. “Partindo de um olhar mais direcionado, de podermos nos readaptar, uma coisa que observamos muito é como as pessoas tem se interligado nessa presença da internet. Com isso, as pessoas têm se aberto mais a esse tipo de diálogo. A necessidade de olhar para uma realidade daquela pessoa, seja ela um irmão de rua ou membro de nossa comunidade. No ano passado saímos em missão até as casas e hoje nos perguntamos como podemos tocar os corações de maneira diferente? É sabendo se adaptar”, revela o profissional da área de logística que atua na Paróquia São Judas Tadeu, na Região São Bernardo – Rudge Ramos. Ele ainda cita a experiência de São Josemaría Escrivá (1902-1975), o santo do cotidiano, como uma inspiração para a busca dessa conversão cotidiana. “Não só olhar para a liturgia e imaginar que só é ali na missa, mas saber fazer essa leitura em nosso cotidiano. Saber interpretar na nossa vivência é muito mais desafiador. E com essa nova ocasião, levar um Cristo mais presente na vida das pessoas, complementa.

Missão das crianças e jovens
E como trabalhar a missão das crianças e adolescentes em tempos de pandemia?  Essa resposta o coordenador da IAM (Infância e Adolescência Missionária), Glauber Machado, 33 anos, tem na ponta da língua. “A gente vai trabalhar com os jovens com as crianças e com os adolescentes, partindo do princípio que nos une a todos, o batismo. Pelo batismo somos todos chamados a missão. E cada uma vai viver a missão específica que deus lhe deu. Todos nós somos um projeto de santidade. E essa é nossa missão. Vamos testemunhar esse Cristo no mundo. A vivência do testemunho, a vivência do dia a dia, sendo cada vez mais solidários e amando Jesus”, explica o professor e paroquiano da Paróquia Nossa Senhora das Graças, na Região Santo André – Leste. “Reze o terço missionário nestes tempos de pandemia. Em cada ministério dedique a cada continente. Uma forma de manter a chama missionária e transbordar pela oração o testemunho de ser cristão”, recomenda.

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