Ser sinal da alegria do Evangelho por onde o caminho da missão nos levar


O ano de 2021 inicia com um novo processo na secretaria nacional da Infância e Adolescência Missionária (IAM). Após dedica-se por mais de 20 anos à educação, estando nos últimos anos no Paraná, Ir. Antonia Vania de Sousa, da congregação das Irmãs Franciscanas da Sagrada Família de Maria, assume a missão de caminhar com a IAM de todo o Brasil. Nesta entrevista fala sobre sua história pessoal e das motivações para assumir a secretaria da IAM.

O que você poderia nos falar sobre sua história pessoal e do despertar para a vocação?
Ir. Vania: Falar de história pessoal e vivência da vocação religiosa, a qual senti o chamado a seguir, é o mesmo que mergulhar no grande mistério da vida. Sim, digo mistério, porque não se explica. Vida e vocação, para mim são indissociáveis, é sentir, é ser e viver de forma única todas as oportunidades que o Senhor concedeu e concede a cada instante, momentos vividos na sua intensidade, que não se repetem, e alguns inexplicáveis. Portanto, compartilho com vocês um pouco da minha vida e vocação.

Venho de uma família numerosa de oito filhos, sou a sexta filha do casal Maria e Zeferino Alves de Sousa, “minha base”, desde criança fomos educados na fé católica, participando de forma atuante na comunidade. Meus pais, sempre nos conduzindo às missas, bem como, na catequese, sempre assídua, pois tive catequistas que foram maravilhosos e muito me ensinaram sobre a nossa fé. Fiz a minha primeira comunhão aos 8 anos de idade, e logo em seguida frequentei o grupo da Cruzadinha sob os cuidados das Irmãs Preciosíssimo Sangue. Vivi todas as dimensões: humana, afetiva e espiritual, com atividades interativas, teatros, danças e momentos de lazer e momentos oracionais, que nos envolviam e nos ajudaram no crescimento pessoal, como membro atuante da comunidade. Foi assim que se deu o primeiro despertar vocacional, digo aqui, a primeira semente da vocação plantada. Já na fase da adolescência, em preparação para o Crisma, destaco a presença paterna do nosso querido frei Osvaldo Coronini (Capuchinho), que soube dar cada conselho com muita sabedoria. Esse verdadeiramente foi uma presença de Deus em minha vida, me ajudou no meu processo de discernimento vocacional, além de ser um conosco, preocupado com a juventude, adolescentes e crianças da Paróquia de Santo Antônio de Pádua. Nesta fase também foram surgindo muitos outros sonhos, alguns deles na área profissional, os quais fomos amadurecendo e aprimorando com o tempo, sem perder de vista o desejo de pertença e amor a Jesus e à minha Igreja, apaixonada por estar e participar de tudo que havia na paróquia, os festejos, as apresentações e animação na liturgia e grupos, o MEJ – Movimento Eucarístico Jovem, RCC e Juventude Franciscana, além de acompanhar meus irmãos no JUDESC (Jovens Unidos Descobrindo Cristo).

Durante os meus estudos no Ensino Médio, fiz Magistério, por ser uma apaixonada por ensinar, ser professora, comecei então, ainda durante os estudos, a lecionar no Jardim de Infância Nossa Senhora de Fátima, das Irmãs Preciosinas, aqui mais uma prova de que a vida e vocação sempre estão interligadas. Assumindo algumas responsabilidades, tanto em casa quanto na Igreja, iniciei então, o processo de discernimento vocacional, embora tive uma vida muito normal, como a de muitos jovens, círculos de amigos, namorado, diversão e trabalho. Mas algo dentro de mim sempre me inquietava. Atribuo isso à Vontade de Deus em minha vida. Sim, com todas essas experiências vivenciadas de forma madura e consciente, aos 19 anos de idade, cheguei à decisão de me consagrar na Vida Religiosa Consagrada, respondendo a esse chamado de Deus que me inquietava e o desejo de me doar de forma total e plena à Deus, à Igreja a serviço dos irmãos. Hoje, com 21 anos de Consagrada e 25 que entrei no convento, posso afirmar que, tudo que somos e temos devemos ao Senhor, que através dos nossos pais e de tantas pessoas que passaram e passam em nossa vida, como um sinal de Deus, revelando o verdadeiro rosto de Cristo encarnado no meio de nós. “O amor de Cristo nos absorve completamente” (2Cor 5,14). Absorvida deste amor, quero ser um sinal D’Ele por onde eu for, porque “Na doação, a vida se fortalece” EG nº 10. Deixar o comodismo, as seguranças, e se apaixonar pela missão, a fim de comunicar a vida a todos, é o apelo do nosso Papa Francisco. Por isso digo, Vida e Vocação caminham juntas, porque somos o que testemunhamos aos demais.

Como você recebeu este novo desafio em sua vida de estar na secretaria da IAM?
Ir. Vania: Confesso que não foi fácil, pois estava em uma atividade direcionada à educação nas escolas da nossa Congregação há mais de 20 anos e, nessa última, como diretora da Escola Municipal Anchieta em Campo Largo (PR), concursada, que de certa forma nos dá uma “estabilidade”. Deixar o que nos é “cômodo” é sempre um grande desafio, porém, necessário em nossa vida, pois nos faz crescer em todos os aspectos. Receber esse desafio para assumir a Secretaria Nacional da Infância e Adolescência Missionária me fez repensar principalmente no meu ser consagrada, pois o convite que recebi do Pe. Maurício Jardim, diretor das POM, foi provocador e ao mesmo tempo estimulante e animador, me fez perceber o quanto posso contribuir com a Igreja no Brasil, e não somente em um lugar específico. Ser sinal da verdadeira alegria do Evangelho por onde o caminho da missão nos levar.

Quais as perspectivas para o ano de 2021 na IAM?
Ir. Vania: São muitas perspectivas, uma delas é o exercício da escuta, que considero importante para dar continuidade ao que tem sido realizado na IAM em todo o Brasil, através das formações, que mesmo neste tempo pandêmico, realizar de forma online, para assim, dar continuidade à missão vivenciando o nosso Carisma, a Oração, o Sacrifício e a Solidariedade. Buscar novas formas de interação entre os grupos espalhados nas diversas Dioceses do nosso país. Trabalhar em conjunto na sinodalidade com o Diretor das Pontifícias Obras Missionárias e os demais secretários das Obras, com as Arquidioceses e Dioceses, Regionais, Paróquias, também, como Obra, a de poder contribuir de forma ativa, nas ações e projetos desenvolvidos pelas POM em todo o Brasil.

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