Maria Isabel, de Joinville (SC), tem vivido, ao longo de sua história, um caminho de participação em diversas experiências missionárias. Agora se prepara para vivenciar três anos de missão em Moçambique. Confira seu testemunho:
Desde pequena participo da Infância e Adolescência Missionária em minha paróquia, São José Operário. Por ser a IAM uma Obra universal, que desperta o protagonismo e a urgência da missão, cresci com o desejo de sair de minha comunidade e atuar em lugares onde minha vida poderia estar a serviço dos que mais precisam.
Foi então que, em 2016, a Pontifícia Obra da Propagação da Fé, na qual está inserida a Juventude Missionária, promoveu a I Missão Sem Fronteiras, em Ananindeua (PA). Assim que soube do convite, conversei com a coordenadora estadual da IAM para que eu pudesse ser a representante de Santa Catarina, já que eram disponibilizadas duas vagas por estado, uma para a JM e outra para a IAM. Enfim, o desejo de sair além-fronteiras seria realizado. Como primeira missão, tudo era novo e encantador. As pessoas que encontrei, o estilo de vida apresentado pela JM nos dias de formação, as visitas nas casas e a realidade local, tão diferente da que estou inserida. Foi um verdadeiro “sair de si” como fala Dom Helder Câmara. As oficinas e os encontros na Comunidade São Marcos mostraram a força e a esperança de um povo que luta, ama e caminha na presença de Deus, mesmo entre tanta violência e precária assistência social por parte dos órgãos públicos.
Já em 2017, a experiência missionária foi na Missão de Verão, promovida pelas Pontifícias Obras Missionárias do Paraguai, na cidade de Atyrá. Lá, vivi um verdadeiro Pentecostes. Existiam línguas diferentes (muitos falam o Guarani além do Espanhol), mas ao conversarmos sobre a Palavra de Deus e do amor que Ele sente por nós, permanecíamos em perfeita sintonia. As duas comunidades que visitei, com a missionária Íris e as crianças da região, estavam desanimadas, com poucos encontros nas capelas. Durante a semana, juntamente com as lideranças, pudemos promover orações, reflexões e celebrações que motivaram as pessoas a fortalecer a fé e a união. Foram bonitos momentos de perdão e protagonismo tanto por parte nossa, missionária, como também dos agentes de pastoral que, embora sem a presença sacerdotal, celebravam a vida e as maravilhas de Deus.
Ano passado, novamente participei da experiência de missão do Brasil, a III Missão Sem Fronteiras, em Viamão (RS). Ali há uma cultura específica, um jeito de ser, viver e conviver. O mais marcante nessa missão foi a acolhida que tivemos. Junto com o seminarista Miguel e a missionária paulista Lhauany, fiquei em uma casa onde vivia a avó com a filha e quatro netos. O abrir de portas dessa família mostrou-me que sempre há espaço e tempo para Deus, independente das condições que temos. A realidade que encontramos em Viamão foi de pessoas que vivem a espiritualidade em diferentes religiões, o que nos fez entender que o Amor, tal como Jesus ensinou, deve ser o mandamento a predominar nosso falar e agir. Não saímos à procura de mais cristãos, saímos à procura de quem quer amar para, assim, sermos reconhecidos como amigos d’Ele (Jo 13, 35).
Por fim, chegamos em 2019 com a IV Missão Sem Fronteiras, realizada em Contagem (MG). Entre tantas vivências e aprendizados, marcou-me muito a realidade jovem do local. Em momentos de conversa, percebemos a carência de oportunidades de emprego e estudos, o que leva adolescentes e jovens a entrar no mundo das drogas e prostituição. Por outro lado, o ânimo e a alegria da missão estiveram presentes em todos os dias, nos encontros, nas visitas e convivências. Fomos também abraçados pela comunidade comboniana que nos mostraram o amor que têm ao colocar a sua vida a serviço dos irmãos, apesar das dificuldades. Por várias vezes, tanto os sacerdotes como os leigos combonianos recordavam a frase do fundador, Daniel Comboni: “As obras de Deus nascem e crescem aos pés da cruz”.
Agora, preparo-me para participar do Projeto Igrejas Solidárias, da CNBB – Regional Sul 3, que corresponde ao estado do Rio Grande do Sul. Serão três anos de missão em Moçambique. Foi por meio da participação na IAM e JM, bem como das experiências além-fronteiras, que pude confirmar meu estilo de vida e perceber que minha experiência pessoal com Jesus Ressuscitado acontece no encontro com as pessoas, com o pé no chão e o coração cheio de ardor missionário. “Jovens Missionários, Sempre Solidários!”
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