Enquanto no norte da Europa os pequenos “cantores da estrela” percorrem países e cidades oferecendo canções de Natal a condomínios e comunidades, coletando doações também por meio da venda de chocolates, no outro hemisfério, na Costa do Marfim, na Diocese de Abengourou, as crianças de duas paróquias envolvem outras crianças e adolescentes em cursos para ensinar a ler e escrever a pequeninos de famílias pobres em áreas rurais que não frequentam a escola por causa da pobreza. Essas, como outras iniciativas, são organizadas por ocasião do Dia Mundial da Infância Missionária, tradicionalmente celebrado em 6 de janeiro, mas que, dependendo do local e do contexto em diferentes partes do mundo, também tem extensões em outras épocas do ano.
Uma mensagem de paz
Todas as iniciativas estão ligadas por um fio condutor que é totalmente expresso no lema universal Crianças Ajudam Crianças, que fala em poucas palavras sobre a vida e o espírito da Pontifícia Obra da Infância Missionária, organizadora desse Dia especial. Na Suíça e na Alemanha, por exemplo, as crianças vão de casa em casa durante o período de Natal até a Epifania “levando uma mensagem de paz e uma bênção para o Ano Novo, para conscientizar as pessoas sobre a necessidade de apoiar projetos em favor das crianças em dificuldade e pobreza, no mundo inteiro”, explica a irmã Inês Paulo Albino, secretária-geral da Pontifícia Obra da Infância Missionária, empenhada no Dicastério para a Evangelização. A religiosa do Instituto das Adoradoras do Sangue de Cristo, nascida em Guiné-Bissau, trouxe para o Vaticano o talento e o coração amadurecidos em anos de trabalho no campo da evangelização, da catequese e do apostolado com crianças e jovens, em seu país e depois na Itália.
As raízes da “Santa Infância”
A irmã Inês faz questão de nos lembrar das raízes da obra também conhecida como “Santa Infância”, porque a história dá sentido ao presente:
“Em meados do século XIX, um bispo francês, Charles de Forbin-Janson, ficou impressionado com as notícias que chegavam dos missionários franceses na China sobre as muitas crianças que estavam morrendo na pobreza e sem terem recebido o batismo. Lamentando o fato de não poder partir pessoalmente como missionário, ele pediu conselhos a Pauline Jaricot, fundadora da Pontifícia Obra para a Propagação da Fé. A troca de ideias entre os dois foi iluminadora e o bispo sugeriu o envolvimento de crianças francesas para que, por meio de orações e ajuda material, elas pudessem apoiar as crianças chinesas”.
Assim, de Forbin-Janson passou a pregar para as comunidades e crianças francesas “uma Ave-Maria por dia, uma pequena quantia em dinheiro por mês” para cuidar de uma criança e salvar sua alma. “Com essa iniciativa, foi lançada a semente da qual a Obra brotaria. Anos depois, seria cunhado o lema ‘Crianças Ajudam Crianças’, que resume bem a intuição do fundador e o nosso carisma”, lembra a religiosa africana.
Esse apoio não é de forma alguma unidirecional (do norte para o sul do mundo), mas circular, ou seja, vai em todas as direções. Assim, as crianças do vicariato apostólico de Requena, em uma área do Peru onde até mesmo a eletricidade e a água potável são escassas, receberam “materiais escolares, uniformes, bem como taxas de matrícula para a escola materna e primária, graças ao subsídio da Obra, alimentos para a cantina e vitaminas para os mais desnutridos”, conta a secretária-geral, citando uma das centenas de projetos realizados graças ao coração dos pequenos que, em todas as latitudes, “colocam em si mesmos, seu canto, entusiasmo e energia, suas orações que dão força e confiança a todos”. Isso foi lembrado pelos pequenos “cantores da estrela” que, vindos da Suíça para o Vaticano, conforme relatado pela agência missionária Fides, experimentaram com alegria uma celebração eucarística e um contato próximo com o Papa Francisco dias atrás.
Em oração pela paz
Com seu trabalho diário, irmã Inês, que está em contato com a rede universal das Pontifícias Obras Missionárias, enfatiza “a necessidade de continuar a conscientizar as crianças sobre a solidariedade, porque há crianças no mundo que não têm possibilidade de educação, de desenvolvimento, de futuro”. Esse compromisso - observa - “anda de mãos dadas com a proclamação do Evangelho, para fazer com que os pequenos conheçam Jesus como amigo e mestre, porque as crianças de hoje são os líderes de amanhã, que terão o destino do mundo em suas mãos”. Com esse espírito, no dia 2 de janeiro, informa, “todas as crianças da Santa Infância rezaram pela paz, em sintonia com o coração do Papa, conscientes da dor que a ‘guerra mundial em pedaços’ cria para tantos pequenos. Fizeram-no com a certeza de que o Senhor ouvirá suas preces”.
Papa faz sua saudação à Infância Missionária
Após a oração mariana do Angelus, desta segunda-feira (06/01), Solenidade da Epifania do Senhor, o Papa Francisco recordou que na Epifania celebra-se a Jornada da Infância e Adolescência Missionária que este ano tem como tema 'Vá e convide todos para a festa':
"Saúdo as crianças e os adolescentes missionários do mundo inteiro e encorajo-os no seu compromisso de oração e de solidariedade para com as crianças e adolescentes dos outros continentes."
FONTE: Vatican News
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