Acaba o Mês Missionário, mas a missão continua


Missão é parte da nossa vida por que vem de Deus Criador, que sai de si para, em seu infinito amor, abraçar a todos sem distinção. Nessa sua saída, Deus entra em nossas vidas e nos transforma em sua missão no mundo. Por isso, “a vida é missão”. Eu sou missão de Deus para os outros. O Papa Francisco nos lembra que “a missão no coração do povo não é uma parte da minha vida, ou ornamento a ser posto de lado (Mensagem para o DMM 2020). É algo que não posso arrancar do meu coração”, justamente por que faz parte da minha vida.

Mesmo nessa pandemia de Covid-19 que mudou nossas relações, limitou nas as atividades, onde a vida da sociedade em geral foi afetada por um vírus que trouxe sofrimento, dor e perdas de vidas, além de desafios econômicos, a Campanha Missionária 2020, neste Mês das Missões, representou um sinal de esperança para tantas vidas necessitadas.

Quantas pessoas fizeram de suas vidas uma missão para os que mais precisam, perto ou longe, virtual ou presencialmente! Missão vivida no silêncio da oração, na comunhão e solidariedade e até mesmo com a presença física em meio às restrições e riscos. Isso está fazendo a diferença.

O tema escolhido “A vida é missão” e o lema “Eis-me aqui, envia-me” (Is 6,8) nos ajudaram a olhar além de nós mesmos, da nossa casa, da nossa cidade e do nosso grupo de convivência. Sentimos que o mundo é pequeno e que todos estamos no mesmo barco ainda que, pelas condições ou desigualdades, muita gente sofre mais as consequências dessa pandemia.

Nós cristãos somos convidados a defender e cuidar da vida em todas as suas dimensões. Jesus definiu sua missão com essa frase: “Eu vim para que todos tenham vida e vida em abundância” (Jo10,10). Essa missão também deve ser o compromisso de todos nós batizados que professamos a fé em Cristo, Messias e Salvador. Com isso a nossa vida cristã se torna uma missão de Deus para os outros no mundo. Acabou o Mês Missionário, mas a missão continua, ela é permanente.


Três desafios
O mundo, a sociedade e a Igreja hoje precisam do dinamismo, da criatividade, da generosidade, especialmente dos jovens. A missão mais ousada na Igreja só acontece com a participação das juventudes. Portanto, não tenham medo de responder SIM ao convite de doar a vida constituindo uma família, assumindo os ministérios e serviços na comunidade, entrando sem medo na Vida Religiosa ou no Seminário visando a ordenação sacerdotal para a missão de Deus na diocese ou além-fronteiras, entre os diversos povos e culturas mundo afora.

Ao reafirmar que a nossa vida é missão, gostaria de propor três desafios: 1) Fazer do cuidado da Casa Comum, da vida do Planeta uma missão; 2). Tecer laços de fraternidade universal utilizando os meios à disposição; 3) Investir na formação estudando os últimos documentos do Papa Francisco (Evangelii Gaudium – A alegria do Evangelho – 2013; Encíclica Laudato sì – 2015, sobre o cuidado da Casa Comum, juntamente com a Exortação Pós-sinodal “Querida Amazônia” – 2020 e a recente Encíclica Fratelli Tutti – 2020). Todos estes documentos estão disponíveis.

E não tenhamos medo de abraçar a vida como uma missão de Deus no mundo. “Eis-me aqui, Senhor, envia-me!” (Is 6,8).

Padre Jaime C. Patias, IMC, Conselheiro Geral para América.

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