No mês de junho em que uma boa parte do país festeja alguns dos santos populares: Antônio, João e Pedro, temos a lembrança também de duas datas tristes proclamadas internacionalmente: a primeira, no dia 4, Dia das Crianças Vítimas de Agressão; e a segunda dia 12, Dia Internacional Contra o Trabalho Infantil. Estas datas nos trazem realidades que nunca serão esquecidas ou até mesmo ignoradas.
Nós já abordamos esse tema, mas é algo que devemos ter sempre em nossas memórias para ajudar a combater. Quero falar um pouco da agressão, da violência contra as nossas crianças. Um estudo do UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância) publicado em 2005 nos mostrou que todos os dias, mais de 18 mil crianças são espancadas no Brasil, seja no campo ou na cidade. O mais triste é que são meninas as mais afetadas, entre os sete e 14 anos de idade. É um fato realmente vergonhoso. Falamos aqui tanto da agressão física, quanto da psicológica.
A realidade que vivemos leva-nos a duas atitudes totalmente antagônicas: ou a aceitamos, ou a contestamos em busca de mudanças. Diariamente, os meios de comunicação nos apresentam notícias tristes e surpreendentes de violência, que em muitos casos já não nos espanta tanto. Assistimos, muitas vezes, às violências praticadas por nossas crianças e adolescentes e nos questionamos sobre o que as levam a atitudes agressivas. A raiz de tudo isso está na atitude de cada um, de cada uma de nós junto às nossas crianças e adolescentes, desde as do nosso convívio. Nos fechamos em nosso universo, sem repararmos no mundo à nossa volta, incapazes de pequenos gestos de carinho. O que falta ou faltou a tantas dessas crianças e adolescentes? O que acontecerá quando o seu primeiro relacionamento afetivo for quebrado?
O Reino de Deus é para todos
No Evangelho de Marcos (Mc 10, 14-16), Jesus nos propõe uma nova postura de aceitação e respeito às nossas crianças: "Deixem as crianças virem a mim. Não lhes proíbam, porque o Reino de Deus pertence a elas" e abraçou-as, abençoando-as. Queremos lembrar novamente do direito das nossas crianças à vida, ao direito de serem crianças, de brincar, estudar e serem amadas.
Na sociedade do tempo de Jesus, as crianças não eram valorizadas e a atitude do Mestre com elas marca um momento realmente novo. Ao acolher nossas crianças e adolescentes com amor e acima de tudo com respeito, estaremos fazendo o caminho contrário da sociedade que segrega e condena muito cedo, a perder a infância. Para que todos nós tenhamos vida em abundância, como desejou Jesus, é preciso estarmos atentos a tantas formas de violência contra as crianças e adolescentes em nosso meio. Vamos cuidar delas e amá-las.
"A criança é o grande tesouro que Deus confiou à humanidade porque é uma vida a ser desenvolvida. É expressão pura da presença de Deus. É expressão de tudo o que vê e ouve. Quer a paz, o amor, o bem e a fraternidade. É criativa, dinâmica e sincera. Em sua faixa de idade, é capaz de ser responsável e de assumir compromissos. Ela é cidadã. Como Jesus, 'cresce em idade, sabedoria e graça'" (Lc 2, 52) (Diretrizes e Orientações da IAM).
De todas as crianças do mundo, sempre amigos!
Sugestão para o Grupo
Vamos brincar juntos?
Vamos brincar juntos?
- Quais as brincadeiras prediletas das nossas crianças no campo? E das nossas crianças na cidade? Quais destas brincadeiras fazemos coletivamente? Vamos pesquisar juntos?
- Refletir com as crianças a importância da socialização nos pequenos e grandes grupos, na perspectiva da solidariedade e ajuda mútua.
Roseane de Araújo Silva
Missionária leiga e pedagoga da Rede Pública do Paraná
FONTE: Revista Missões - Junho 2005
0 Comentários