De norte a sul do Brasil, foram muitos os seminaristas que se deslocaram e vieram para Belo Horizonte (MG), cidade que até próximo dia 12 sedia o 2º Congresso Missionário Nacional de Seminaristas, realizado pelas Pontifícias Obras Missionárias (POM).
“Ouvir, acolher, vivenciar e depois levar para o povo a experiência deste encontro missionário”. Essa é a motivação do seminarista Nilton Pereira, estudante do 2º ano de filosofia, da diocese de São Gabriel da Cachoeira (AM). Para ele, o povo faz a missão acontecer e chama o padre para servir e caminhar com eles.
Nilton é indígena, pertence à tribo do povo Dessano. Vem de uma região afastada dos grandes centros urbanos e marcada por desafios peculiares. “A maior dificuldade de viver a missão é lidar com as diversas línguas lá na região. São 23 povos diferentes”, comenta. O seminarista amazonense citou três das línguas mais faladas, dentre elas a Tukano, Baniwa e Nheengatú. Ele fala a última. “Também enfrentamos as grandes distâncias, subindo e descendo os rios em lanchas, mas isso não nos impede de dar continuidade à nossa missão, nossa vocação. Os desafios sempre vão aparecer, mas eles fortalecem o nosso chamado, mantendo nossa esperança apesar das dificuldades”, conclui.
Cearense radicado em Passo Fundo (RS), o seminarista de teologia Wilton dos Santos Bento trouxe para o Congresso Missionário a expectativa de encontrar luzes para seu processo formativo e o contexto pastoral. “Nossa realidade é de grandes desafios, tanto no campo eclesial como no social, onde há conflitos com os indígenas e os agricultores”, disse.
Para ele, o encontro ajuda muito na medida em que possibilita ver as experiências de outros locais. Essas vivências fortalecem e motivam a caminhada. “Minha expectativa para o futuro é que possamos sair e ir às periferias como o papa tem nos convidado, nos abrindo e ajudando o povo a saciar sua sede de Deus”.
Do interior do estado do Espírito Santo, veio o seminarista Dener Evangelista Barbosa de Sales, que cursa o 3º ano de filosofia na diocese de São Mateus. Empolgado, define o momento eclesial de sua região: “Nossa diocese tem desenvolvido o projeto das Santas Missões Populares com o intuito de fazer crescer em toda a sua atividade pastoral a dimensão missionária, não como uma forma paralela, mas como um meio de tentar incutir no espirito de nossa Igreja particular a consciência de que todos nós devemos sair em missão”.
O capixaba disse que veio para o encontro com o objetivo de perceber em que nível está a discussão da missão, e como tem sido interpretado o apelo de Francisco por uma Igreja em saída. “A partir da minha participação, quero levantar a discussão na minha casa formativa, colocando os seminaristas por dentro de tudo aquilo que vi aqui, e também alertar minha comunidade para esse processo que, por vezes, fica esquecido ou como algo desintegrado da formação. Percebo que a missão está na essência da Igreja, devendo estar presente na espiritualidade e no modo de ser do presbítero”, disse.
“A realidade de Teresina não foge muito das demais Igrejas do Brasil. Existem, sim, muitas conquistas, mas, sobretudo muitos desafios, principalmente no que se refere à questão missionária”. Estas foram as palavras do seminarista Antonio Rômullo Sousa, da arquidiocese da capital do Piauí, que destaca o papel dos cristãos leigos na vida e missão da Igreja. “Digamos que a maior vitória que temos tido nos últimos tempos é o crescimento da participação dos leigos, que formam e animam as comunidades”.
Para Sousa, o congresso tem sido sinal de esperança e deverá suscitar nos futuros padres um desejo mais ardente pela ação missionária, influenciando no processo formativo, sobretudo ao enfatizar aspectos da missão durante a formação, “abrangendo a questão da visitação a irmãos que vivem em situações de dramas existenciais”.
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