Um fato ao mesmo tempo curioso e preocupante são as diferenças entre nossas crianças e adolescentes e a fase em que também fomos crianças ou adolescentes. É interessante trazer à tona essa reflexão. Vou exemplificar lembrando uma brincadeira, talvez nem tão mais usada, chamada "boca de forno" (um tipo de parlenda), que nos desafiava a seguir o "mestre", a "fazer tudo o que ele mandasse", caso contrário "pagaríamos prenda" ou seríamos punidos com um castigo (hoje, um "mico").
Era uma brincadeira muito comum e serve de reflexão. Afinal de contas, quem está no "comando" lá em casa? Quem é o mestre que nos ordena cumprir tarefas? Outra pergunta ainda melhor: quem é o adulto que está orientando o que precisa ser feito ou a forma que precisamos agir? Afinal de contas, qual o papel que cada membro da família cumpre diante do outro? Quem precisa de orientações sobre todas as coisas da vida? Ultimamente esta situação tem se invertido, porque são as crianças e adolescentes que estão dando as coordenadas, definindo a maioria das coisas em nossos lares, e não pensemos que seja apenas o canal da TV.
O Estatuto da Criança e Adolescente, lei de referência para todas as crianças e adolescentes em nosso país, indica em seu artigo 6°, além de definir os direitos e deveres dos mesmos, a ideia que são pessoas em desenvolvimento e como tais, necessitam de um cuidado maior dos adultos que os cercam. Falo de cuidado, mas me refiro àquelas correções, direcionamentos, boas conversas, até os castigos que os educam e mostram o caminho que devem seguir. Estar no comando significa deixar claro que no lar existem regras, proibições e também permissões.
Ser adulto é também demonstrar que temos maturidade para orientar os nossos pequenos. Testemunhar o que falamos é tão importante para os nossos pequenos, porque será base para sua vida quando adultos.
Na Infância e Adolescência Missionária (IAM) aprendemos a evangelizar partindo da própria vida, seja em casa, na escola, na comunidade, assumindo a vida com responsabilidade (8° compromisso da IAM). Dos Apóstolos, primeiros amigos de Jesus, aprendemos a viver em comunidade seguindo os seus passos (At 2, 42-47 e At 4, 32-37). Vamos continuar a segui-Lo?
De todas as crianças do mundo, sempre amigos!
Roseane de Araújo Silva,
Missionária leiga e pedagoga do Rede Pública do Paraná.
FONTE: Revista Missões Julho/Agosto 2011
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