Em setembro celebramos o mês da Bíblia, um livro feito em mutirão, trazendo à memória a aliança de Deus com o seu povo. A ideia do mutirão nos recorda o aspecto da solidariedade entre as pessoas, contrapondo-se aos mecanismos do mundo do trabalho. Nesse sentido, quero lembrar da problemática da exploração do trabalho infantil, que atinge cerca de 218 milhões de crianças e adolescentes em todos os continentes.
Há pouco tempo, nos Emirados Árabes Unidos eram utilizadas crianças indianas e paquistanesas, com idade entre três e oito anos, compradas ou sequestradas para serem jóqueis de camelo, devido ao seu tamanho e peso. Mal alimentadas para manterem o baixo peso, as crianças eram amarradas aos animais, para evitar a queda, o que nem sempre resolvia. Após algum tempo, eram devolvidas ao seu país de origem, porém não conseguiam se readaptar às suas famílias e acabavam perambulando pelas ruas. Felizmente, isso começou a mudar!
No Brasil, cerca de 14% das crianças e adolescentes na faixa etária de 5 a 17 anos trabalham. Embora exista o esforço de diferentes setores da sociedade civil no sentido de coibir a exploração infantil, através de legislação específica, esse problema persiste. Em alguns países europeus, há uma movimentação contrária a essa proibição, favorável à regulamentação do trabalho infantil, saindo do anonimato, da invisibilidade, lutando pelos seus direitos.
Em nosso país, nos acostumamos a ouvir dizer que o trabalho mesmo com pouca idade, "é melhor do que roubar", mas a verdade é que isso é válido apenas para as crianças pobres. Observamos, por exemplo, entre as meninas do campo que vem para a zona urbana com a promessa de estudar, e na realidade viram babás das crianças da classe média e alta. Esta realidade precisa de constante reflexão, porque são crianças e adolescentes privados do direito de brincar e estudar, sem falar nos casos de trabalho ilegal em diferentes áreas, principalmente onde a fiscalização é insuficiente ou inexistente.
Em seu tempo, Jesus olhou para todas as crianças de uma forma especial, trazendo-as ao centro das decisões da comunidade, valorizando-as integralmente porque Ele é o Bom Pastor, aquEle que dá a vida por suas ovelhas e não quer que nenhuma se perca (Jo 10, 7-18).
Na Infância e Adolescência Missionária (IAM) assumimos o compromisso de "rezar todos os dias pelas crianças e adolescentes do mundo inteiro" (4° Compromisso da IAM) e seguindo o exemplo de Jesus, dar testemunho que Deus é amor e se preocupa com todos nós. Sem esquecer que na IAM, nossa missão principal é ser criança que evangeliza criança!
De todas as crianças do mundo, sempre amigos!
Roseane de Araújo Silva
Missionária leiga e pedagoga da Rede Pública do Paraná.
FONTE: Revista Missões - Setembro 2010
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