No mês de novembro trazemos à memória Zumbi dos Palmares, herói nacional, e comemoramos em todo o país o Dia da Consciência Negra. Mas, o que precisamos relembrar neste dia? Vejamos então! Há muitos e muitos anos, os nossos irmãos negros chegaram ao Brasil depois de serem arrancados das terras africanas, das suas famílias, costumes e religiões. Esse movimento, chamado diáspora, é relembrado principalmente em novembro quando em 1695 ocorreu a morte de Zumbi, líder do Quilombo de Palmares.
Por vários anos, os portugueses organizaram expedições que pretendiam derrubar as nove aldeias que formavam Palmares (Alagoas), o quilombo brasileiro mais conhecido pela sua organização e resistência. Os quilombos representam, mesmo nos dias atuais, a força, a liberdade e a resistência da cultura negra. Nestes espaços, as diferentes manifestações do povo negro foram preservadas, como por exemplo as religiões de matriz africana, a capoeira, o samba, a congada, a influência na língua falada em nosso país, enfim muito do que herdamos dos nossos ancestrais africanos, carregam a marca da alegria e da dor destes irmãos escravizados.
A história que temos nos faz refletir e ao mesmo tempo ainda nos incomoda, porque convivemos com situações constrangedoras de racismo e violência pelo simples fato de ter a cor da pele diferente. Isso também é observado mesmo entre crianças e adolescentes, negros ou pardos, manifestado em forma de bullying, levando os mesmos a negarem sua herança étnica desde pequenos, muitos por não compreenderem as razões de ocorrer tudo isso ou ainda, por não terem referências fortes dos seus pais com relação à origem dos seus antepassados.
Mas, ser diferente é ruim? Quase sempre esperamos do outro uma semelhança conosco que jamais existirá, pelo contrário, somos um povo com diferentes origens e estas diferenças nos caracterizam como dádiva divina, enriquecendo nossa cultura. Jesus também sofreu um tipo de preconceito: "Esse homem não é filho do carpinteiro?" (Mt 13, 53-58), como se isso o impedisse de ser quem Ele é. Sendo diferente dos demais conterrâneos, Jesus passou a ser rejeitado por eles.
Na IAM aprendemos a reconhecer o que é bom da vida e da cultura dos outros povos, respeitando-os e valorizando-os (7° Compromisso de Vida da IAM). Ser diferente não torna o outro superior, nem inferior, apenas não igual. Nesse mês da Consciência Negra é importante olhar o próximo com respeito e admiração, para construirmos juntos o Reino do Pai.
De todas as crianças e adolescentes do mundo, sempre amigas!
Roseane de Araújo Silva
Missionária leiga e pedagoga da Rede Pública do Paraná.
Sugestão para o grupo
- Acolhida (organizar o ambiente com os símbolos missionários, as cores dos continentes, a Bíblia e, se conseguir, arte africana. Destaque: o continente africano).
- Motivação (objetivo): refletir com o grupo sobre o Dia da Consciência Negra e o preconceito com o diferente. Oração espontânea pelas crianças e adolescentes que sofreram algum tipo de preconceito. Partilha dos compromissos semanais.
- Leitura da Palavra de Deus (sugestões para os 4 encontros):
Realidade Missionária: Mc 6, 34-44 - O gesto de Jesus é daquele que acolhe e reúne. A partilha faz com que o alimento se multiplique, dando e repartindo todos ficaram satisfeitos. Temos presenciado situações de discriminação em nossa comunidade ou escola? Qual é a nossa atitude diante delas?
Espiritualidade Missionária: Mt 5, 13-16 - Jesus nos fala do testemunho que devemos assumir como seus amigos, e como a lâmpada, ser luz para que todos descubram a presença e a ação de Deus Pai. Ser luz é dar testemunho do amor de Deus para todos os povos, independente da cor da pele ou da origem regional. Rezemos uma Ave Maria à Nossa Mãe Aparecida, para que nosso testemunho aumente a nossa fé.
Compromisso Missionário: Mc 7, 24-30 - Marcos relata o diálogo de Jesus com a mulher fenícia, ficando claro que a Boa Nova não é para um povo especifico, mas para todos os que manifestam sua fé Nele e na sua missão. O sacrifício do mês será destinado ao trabalho junto às crianças e adolescentes do continente africano.
Vida de Grupo: 1Cor 9, 15-23 - Paulo nos ensina a lutar por nossa fé, sendo disponível e solidário com os demais povos. Em seu tempo, ele nos mostrou a necessidade de respeitar as diferenças e evangelizar. Em nossas comunidades temos diferentes pastorais e grupos. Destacamos nesse mês a Pastoral Afro-brasileira. Existe esta Pastoral em sua paróquia ou comunidade? Organizar uma visita para conhecer e celebrar juntos o Dia Nacional da Consciência Negra.
- Momento de agradecimento (fazer preces espontâneas a partir do tema e da reflexão do Evangelho).
- Canto e despedida.
FONTE: Revista Missões - Novembro 2011
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